"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

MUNDO QUE BARACK OBAMA DEIXA ESTÁ MUITO DISTANTE DO QUE ELE PROMETEU


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Charge do Latuff, reprodução da Opera Mundi
Sete amêndoas. Não oito, nem seis. Elas entraram para o anedotário como a base alimentar de um ritual dos últimos anos na Casa Branca: as solitárias noites de trabalho de Barack Obama. As mais longas sessões, que terminam iluminadas pelos primeiros raios de sol, são as que dedica a lapidar discursos, como relatou “The New York Times”.
O esforço se justifica: o poder de falar bem e produzir boas imagens é o ponto alto de Obama, algo que mostrou novamente na despedida em Chicago. Um grande mérito, dada a teatralidade exigida na política.
Sem a mediação de lentes e microfones, porém, o saldo de seu governo parece menos iluminado do que a imagem pessoal. Nove anos depois, é difícil enxergar um mundo que tenha andado no rumo daquele desenhado pelo senador em 2008. Pode-se dizer até que está mais distante – ainda mais intolerante, ainda mais protecionista, ainda mais perigoso.
NOBEL DA PAZ? – Dotado dos maiores poderes conferidos a um humano, ele não conseguiu realizar algo bem específico como fechar a prisão de Guantánamo, símbolo da era Bush que prometera desmontar. A falta de gosto pela pequena política cobra seu preço.
Nobel da Paz? Nenhum presidente comandou tropas em guerra por mais tempo do que Obama – dois mandatos inteiros. Não que isso tenha resolvido algo; as imagens de terror são mais e mais frequentes.
A economia melhorou, claro, mas o ponto inicial era baixo, pois assumiu na maior crise desde os anos 30. E o nó dos empregos limados pela tecnologia impulsionou Trump. O plano de Obama para a saúde, que poderia figurar com legado claro, deve ser desmontado agora. As ações para o clima correm risco.
É difícil notar tais aspectos porque Obama tem qualidades evidentes: um estadista com ideais, sem escândalos, com bom senso. Por isso quase tudo com ele é relativizado. Mas pausas dramáticas, por si só, não melhoram o mundo, infelizmente.

12 de janeiro de 2017
Roberto Dias
Folha

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