Brasília - Quando alguns prefeitos do Nordeste começaram a ser presos pela polícia porque roubavam a merenda escolar das crianças deu-se pouca importância aos fatos. Afinal de contas, lá pras bandas do interior da região mais pobre do nosso país tudo é possível. Mas, agora, para surpresa dos brasileiros, essa modalidade de crime se espalhou de tal forma que foi atingir o coração do estado mais rico do Brasil: São Paulo. Em um esquema criminoso gerado dentro do palácio do governo e nos gabinetes da Assembleia Legislativa, a polícia descobre que bandidos de gravata também aderiram às práticas nocivas de roubar o lanche das crianças pobres.
A Máfia da Merenda, como é chamada pelos paulistas, envolve personagens do governo Geraldo Alckmin até pouco tempo visto nas pesquisas de opinião bem posicionado à sucessão da Dilma não fosse as trapalhadas do fechamento das escolas. A operação “Alba Branca” já tem alguns suspeitos: o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação do Estado Fernando Padula, o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Luiz Roberto dos Santos, o Moita, e o lobista da quadrilha Marcel Ferreira Junior. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez, também está sendo investigado. O que une todos esses senhores é o roubo da merenda escolar e o fato de alguns deles serem do PSDB, principal partido de oposição ao governo que combate a corrupção petista.
Os envolvidos no crime trabalhavam em conluio com três cooperativas paulistas responsáveis pela distribuição dos alimentos nas escolas. Veja que coisa: homens acima de qualquer suspeita, colaboradores dos tucanos que governam São Paulo há quase duas décadas, não tiveram o menor pudor em se associar a outros grupos para superfaturar a alimentação dos jovens estudantes. Como já não bastassem as fraudes nas licitações, o assalto aos órgãos públicos, o clientelismo e o fisiologismo, essas pessoas chegaram ao fundo do poço, à lama, à baixeza de surrupiar a comida da boca das crianças.
O Moita, segundo as investigações, operava com integrantes da cooperativa Coaf na sala que ocupava no Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual. Mantinha também ativo no grupo criminoso a Associação Orgânica de Bebedouro e a Horta Mundo Natural, responsáveis pela fraude nos preços. No Tribunal de Justiça, o desembargador Sérgio Rui, já pediu à Secretaria de Educação cópia de todos os contratos e pagamentos feitos a cooperativas envolvidas nas investigações.
É de assustar a todos nós brasileiros o descalabro com o envolvimento desses meliantes com uma quadrilha que se especializou em tirar da mesa das crianças a comida que vai alimentá-la durante a permanência na escola. Muitas delas têm na merenda a sua única refeição do dia. Com o superfaturamento é claro que os alimentos diminuíram à mesa, enquanto esses senhores usavam o dinheiro para gastar em campanhas e comer em restaurantes luxuosos.
E quando cenas como essas acontecem em São Paulo, a locomotiva do Brasil, aí devemos parar pra pensar. Que valores esses senhores estão repassando para esses jovens, quando roubam a sua merenda da escola? Como pode um governo permitir que da sua sede, alguns auxiliares organizem uma quadrilha para cometer um crime tão horrendo? Crimes como esses deveriam estar capitulados como hediondos, pois só assim pessoas como essas apodreceriam na prisão.
O povo de São Paulo espera que o governador Geraldo Alckmin não contemporize com esses delinquentes e os puna exemplarmente, com o rigor da lei.
20 de fevereiro de 2016
jorge oliveira
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