"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 11 de janeiro de 2014

É MUITA VELHACARIA!

lula roseana Lula: “Respeitem Sarney e parem de preconceito”

Lula: “Respeitem Sarney e parem de preconceito”

Os petistas, que chiaram tanto sobre o Pinheirinho (total de mortes: zero) se calaram sobre o Maranhão (total de mortes: 66, 3 decapitados).

Lula tem algo a dizer: largue de preconceito e vá se tratar, Sarney é melhor do que você.

Não se pára de falar sobre a “oligarquia” Sarney, que rege o Maranhão, o segundo estado mais pobre do país, como se fosse um feudo há gerações (desde 1966, mais precisamente. Já analisamos aqui que o problema é bem mais amplo do que a família Sarney: trata-se do próprio estatismo, a centralização da economia no Estado para “corrigir a desigualdade”, que gera, naturalmente, maior igualdade na pobreza, e ricos mancomunados com o Estado.
 
Mas a segunda questão que envolve a oligarquia Sir Ney neste começo de ano violento no Maranhão (66 mortes de presos, 3 deles decapitados diante de câmeras de celular, e 40 ataques terroristas a ônibus, incendiando famílias e matando uma menina de 6 anos de idade) permanece: por que Dilma, Lula, Maria do Rosário (a dos “direitos humanos”), Gilberto Carvalho e José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, diante de cenas de barbárie que chocaram o mundo, não se pronunciaram até o momento?
 
A pergunta é inquietante. Degolamentos não são fatos de menor relevância para serem ignorados como acidentes de percurso. Pior: todas essas personalidades afirmaram mundos e fundos, exigindo respostas e explicações e denominando de “barbárie” a desocupação do Pinheirinho, em que o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, cumpriu uma ordem da Justiça e pediu a reintegração de posse. A PM fez toda a operação sem nenhuma morte e ferido grave, a despeito de uma blogosfera progressista que misteriosamente usa a mentira como método (e o silêncio oportuno de agora).
 
Por que agora nenhum desses se pronunciou? Por que não mandaram nem condolências nem fizeram um telefonema ao pai da menina assassinada no ato terrorista (causado por 6 assassinos, três deles menores de idade), já que a mãe dela continua internada em estado grave com 40% do corpo queimado?
 
Fato pior do que a mais lembrada imagem do horror da guerra moderna no imaginário coletivo tão bem construído pelos progressistas, que dominam a leitura história: a menina Kim Phuc, que teve o corpo coberto de napalm escaldante, e depois de ser vítima de guerra, se tornou vítima comunista: teve de fugir para o Canadá, cansada de ser usada como propaganda anti-Ocidente pelo regime do Norte, que a obrigou a largar a faculdade e atender a jornalistas o tempo todo, sempre monitorada pelo Big Brother do Estado-Babá esquerdista. ”Eu fui queimada com napalm e me tornei uma vítima de guerra, mas crescer daquele jeito me tornou outro tipo de vítima”, lembra Kim. No Maranhão, uma menina queimada não tem chance de sobreviver e fugir para um lugar onde grasse mais liberdade.
 
menina vietnã 300x214 Lula: “Respeitem Sarney e parem de preconceito”
 
Por que a esquerda trata a criminalidade com dois pesos, duas medidas e um método: quando é apenas uma reintegração de posse sem mortes, é uma “barbárie” – desde que “cometida” por um político da oposição – e quando são 66 mortes e 40 atentados terroristas em uma única semana, cabe bem um silêncio obsequiosamente cúmplice e umas férias compulsórias, já que certamente há questões mais importantes a resolver (como a licitação de 80 kg de lagosta e meia tonelada de camarão, paga com o dinheiro do pagador de impostos maranhense)?
 
Roseana Sarney tentou se sair tomando emprestado o discurso preferido da esquerda no poder: há mais violência no seu estado porque ele está mais rico (sério). Afinal, toda a violência tem causa econômica, já nos ensinaram Rousseau, Marx, de Sade e toda uma gama de esquerdistas que vai de Marcuse a Pol-Pot.
 
Já sua base aliada, como o PT que elegeu o vice-governador do Maranhão com Roseana, ainda permanecem em silêncio.
As duas questões (a ideologia da “criminalidade econômica” e os esquerdistas terem apenas a chave eleitoral para lidar com qualquer aspecto da realidade) se unem. O médico Igor Lago lembrou brilhantemente de como era e é o namorico de Lula com Roseana e José Sarney, como mostra o blog do Linhares, o Jornal Pequeno.
 
Tudo pelo poder, o que importa é ter 50% mais um dos votos válidos.
Quando perguntado por um jornalista fazendo o seu trabalho de jornalista e questionou Lula, do lado de Roseana, sobre suas ligações com as oligarquias – uma dúvida inquietante até para os progressistas que apóiam Lula – Lula se irritou.
 
Afirmou que o jornalista era preconceituoso, e portanto perigoso. Que o preconceito é uma doença, e portanto ele deveria se tratar (muito curiosamente, quando um empresário disse em uma conversa privada que o filho de Lula é um idiot[CENSURADO], tomou um processo em que é obrigado a pagar R$ 5 mil ao Lulinha por danos morais – definitivamente há duas classes de pessoas nesse país a partir do esquerdismo no poder).
Disse que o jornalista deveria ir “se tratar”, fazer psicanálise.
Roseana aproveitou para brilhar tomando de empréstimo o discurso feminista, que serve para defender mulheres só quando elas são “das nossas”. Afirmou que o “preconceito contra os Sarney” era também um preconceito “contra a mulher”.
 
Lula ainda deu uma lição de democracia modelo sente-e-obedeça: “O Sarney não é o meu presidente do Senado. Ele é o SEU presidente do Senado.” Emendou, explicando como se faz protesto: “Então se você tem que fazer algum protesto, você vai para o povo do Amapá e proteste porque elegeu o Sarney. Você vai pro povo de São Paulo e proteste porque elegeu, sabe, o Tiririca.” A culpa é do povo, não do eleito. Ou seja, se alguém votou em alguém, você tem de obedecê-lo e resignar-se bem caladinho. Esse não é o mesmo presidente do “Fora FHC!”, do “Fora Collor!”?
 
Mas se há alguma dúvida de que Lula se considera uma casta superior a nós, comuns mortais, o baixo clero, a plebe rude, esse bando de chato que tinha mais é de aprender boas maneiras como Fidel Castro e Ahmadinejad (seus amiguinhos) ensinam a seu povo, nada mais ilustrativo do que as palavras finais:
“Na medida em que a pessoa é eleita e toma posse, ela passa a ser uma instituição (sic). E ela tem de ser respeitada por ser essa pessoa da instituição.”
Ou seja, como disse Lula, Sarney não é um “homem comum”. E muito menos Lula. Ele é “uma instituição”. Ele não era o presidente em exercício: ele é a própria consubstanciação de “presidente”, o manda-chuva geral. Não fossem esses chatos querendo pesos e contrapesos, essa turma que impede compra de votos para legislar por decreto (o que é de fato o mensalão, e não um mero caso de corrupção), todos entenderiam que Lula é, afinal, uma “instituição”.
 
Mandem isso praquela galerinha simpática que adora dizer que o problema do Maranhão são os Sarney, e que a esquerda, misteriosamente, é contra isso – sendo que pratica o mesmo tipo de coronelismo feudal, ainda mais boquirroto e ainda mais violentamente descarado.

11 de janeiro de 2014
Flávio Morgenstern

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