"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

AUDÁCIA DOS BOFES

PMDB ignora o escrúpulo e leva ao ar programa político em que a estrela maior é o papa Francisco

Se até agora a política era considerada a arte da incoerência, a partir de quinta-feira (22) pode ser rotulada facilmente como uma homenagem ao descaramento. Isso porque, na noite de ontem, o PMDB abusou da ousadia e levou ao ar um programa político em que a estrela maior foi ninguém menos que o papa Francisco.

Durante boa parte do programa, aproximadamente oito minutos, atores contratados para falar sobre democracia dividiam a cena com o chefe da Igreja Católica, que em sua recente estada no Brasil mostrou ser muito popular.

Que os políticos desconhecem as fronteiras da imoralidade todos sabem, mas pegar carona na popularidade e na simpatia do papa foi uma mostra de inconteste de falta de escrúpulos. O mais interessante é que somente nos dois minutos finais é que o programa do PMDB exibiu a imagem de políticos.
Numa mostra de que a falta de bom senso não tem limite, pelo menos no PMDB, na telinha da tevê apareceu uma trinca que é verdadeira ode ao pecado: Michel Temer, vice-presidente da República; Renan Calheiros, presidente do Senado Federal; e Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados.

Nos derradeiros dois minutos do programa, a estrela foi Michel Temer, que na maior parte do tempo apareceu ao lado do papa Francisco. A coincidência da abusada incursão televisiva do PDMB ficou por conta de Renan Calheiros, que horas antes de o programa ir ao ar ocupou as manchetes nacionais por ser o mais novo operador do milagre da multiplicação.
Com um salário bruto de R$ 25,6 mil mensais, Renan comprou por R$ 2 milhões uma mansão em Brasília, sendo que parte desse montante será pago em parcelas semestrais de R$ 152 mil.

O programa do PMDB, um direito garantido pela legislação eleitoral, teve o seu lado bom. Mostrou aos brasileiros, mais uma vez, que políticos fazem qualquer para ludibriar a opinião pública. Até mesmo pegar carona na imagem do papa. Mas depois que a ateia Dilma Rousseff posou de carola no Vaticano, vale tudo, como cantava o saudoso Tim Maia.

23 de agosto de 2013
ucho.info

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