"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

DE LULA A ACM: A METAMORFOSE AMBULANTE

O PT já deu o que tinha de dar. Em 2014 será a hora de mudar!


Antônio Carlos Magalhães, mais conhecido como ACM, foi uma figura controversa na história recente da política brasileira. Já falecido, foi uma espécie de José Sarney da Bahia, porém com mais sucesso no quesito desenvolvimentista do seu estado, já que a Bahia não se compara ao miserável Maranhão. ACM controlou por muitos anos, com mão de ferro e estilo coronelesco, a política baiana e interferiu historicamente também no plano nacional.
ACM era raivoso, truculento com adversários, não tinha papas na língua e atacava antes de ser atacado. Tinha uma legião de adoradores e adversários, os quais tratava com pegada populista os primeiros e paulada os segundos. Um típico coronel político do nordeste.
Luis Inácio da Silva, o Lula, parece hoje cada vez mais com o velho rival. Tanto o PT quanto o PSDB - os principais partidos brasileiros hoje - nasceram adversários do carlismo baiano. O PSDB acabou aceitando, em nome da famosa governabilidade, o apoio de ACM no plano federal, não sem enfrentar rusgas. O PT não se misturou, mas após a morte do líder baiano, também se aliou com alguns de seus mais importantes seguidores, dando até espaço no governo federal.
Hoje sem cargo, um simples cidadão como qualquer um de nós, Lula tem mostrado que pouco aprendeu nos oito anos de governo – acho que pelo contrário, acabou pegando vícios detestáveis por ter sido o todo poderoso do país, e tem dado muita dor de cabeça para o governo da presidente Dilma Rousseff, sua sucessora e partidária.
O mais recente episódio do encontro no escritório do ex-ministro Nelson Jobim em Brasília, onde também estava o atual ministro do STF Gilmar Mendes, só vem a corroborar tal impressão.
Lula, que nem desmentiu pessoalmente os fatos narrados por Gilmar, e ainda confirmou o tal encontro, fez uma incursão a um terreno onde somente coronéis políticos sem pudor entram. Usou da chantagem velada para intimidar um ministro do supremo. Como um ACM e sua famosa pasta cor de rosa, saiu insinuando descomposturas. Como ACM, mantém uma rede de detratores da honra alheia a lhe servir. Como ACM, acha que tem o poder total em suas mãos, algo divino até.
Toda essa história do "encontro" está mal contada, por todos os envolvidos. Jobim desmente, depois muda a versão, uma hora fala que foi assim, outra hora que foi assado. Gilmar conta detalhes talvez um pouco aumentados e fantasiados, provavelmente na tentativa de fazer o sangue de Lula subir à cabeça e causar um tropeço em sua língua. Lula não vem em público explicar nada, soltando apenas uma nota burocrática via seu instituto. Porém, em visita a capital federal ontem, deu mais algumas alfinetadas, brincando com algo explosivo. Todos muito desastrados. O fato é que o encontro existiu, e que algumas verdades já estão descortinadas:
- Existe uma rede de blogs financiados pelo petismo com verbas federais fazendo jogo sujo com o nome de Gilmar Mendes.
- Lula já disse em público que o mensalão não deve ser julgado pelo STF em ano eleitoral – uma intromissão inconveniente de um ex-presidente a um dos poderes da República. Pior ainda, reclama que o mensalão foi uma tentativa de golpe contra seu governo! Sendo assim, está nomeando como golpistas a PGR, o STF e a PF, todos órgãos de Estado.
- Jobim mais complica que explica dando várias versões sobre o assunto: Uma hora Lula passou lá “por acaso” quando Mendes estava em seu escritório, outra hora assume que marcou com os dois o encontro. Fala que “acha” que não ouviu nada, dissimulando. Depois é mais enfático e diz que ele próprio introduziu o assunto mensalão na conversa, não Lula. Mas então o assunto foi tratado, não é?
- Gilmar relatou a outros Ministros do Supremo a conversa, mas deixou barato. Vendo a esgotosfera o atacar na internet – financiada pelo executivo federal - resolveu por a boca no trombone um mês depois.
Dilma já disse que quer essa polêmica longe de seu governo, que já tem problemas o bastante na área econômica para resolver. Porém, sua administração presta um deserviço à democracia doando dinheiro público, que é de todos os brasileiros, a blogueiros-pistoleiros na internet e também a jornalecos partidários país à fora. Petistas saem como milícias atacando a honra de toda e qualquer pessoa que sustente alguma dúvida sobre Lula. Para eles, Lula é Santo, assim como ACM era o Painho da Bahia.
Para finalizar, o visual de Lula após seu tratamento contra o câncer, que ironicamente lhe atingiu a laringe – órgão vital para a "falastronice", especialidade do ex-presidente - fica cada dia mais parecido com o do coronel baiano. Serão apenas coincidências terrenas?

De Dora Kramer, em sua coluna no Estadão: “Não existe "guerra de versões" sobre a conversa de Lula com Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim. O ministro contou e reafirmou com detalhes o que foi dito. Lula e Jobim apenas o desmentiram, mas não apresentaram as respectivas versões a respeito do que foi dito naquele encontro”.
 
23 de agosto de 2013
admx
 

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