"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O SUJEITO OCULTO NO CASO GEDDEL

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Charge reproduzida do Arquivo Google
Todo acusado tem direito a defesa, e todo advogado tem o dever de lutar pelos interesses de seu cliente. Dito isso, é ingrata a tarefa dos causídicos que tentam tirar Geddel Vieira Lima da cadeia. O ex-ministro foi preso em julho, acusado de saquear a Caixa Econômica Federal. Depois de dez dias na Papuda, conseguiu um habeas corpus. Passou a cumprir prisão domiciliar em Salvador, no conforto do ar-condicionado e sem tornozeleira.
No mês passado, o peemedebista voltou a ser recolhido à tranca. A PF havia encontrado sua caixa-forte: um apartamento com R$ 51 milhões, alvo da maior apreensão de dinheiro vivo de que se tem notícia no país.
HABEAS CORPUS – Só o Tio Patinhas seria capaz de guardar tanto ervanário em espécie. Com uma diferença: o personagem dos quadrinhos atuava no setor privado, enquanto Geddel fez fortuna ao longo de três décadas na política.
Apesar dos milhões de provas contra o ex-ministro, a defesa pediu a sua libertação ao Supremo Tribunal Federal. Os advogados estão em seu papel, e a obrigação do Ministério Público é lutar para que a corte mantenha o peemedebista na Papuda.
Foi o que fez a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Em parecer assinado na segunda-feira, ela opinou contra a libertação do detento. Até aí, segue o jogo, mas há um dado curioso no documento. Na página 10, a procuradora sustenta que Geddel ocupava o posto de “líder da organização criminosa”.
CHEFE DE QUADRILHA – Até a posse de Raquel Dodge, o Ministério Público via o ex-ministro como integrante do segundo escalão do quadrilhão do PMDB. O novo parecer parece apontar duas mudanças importantes para o futuro da Lava Jato.
Na primeira, a Procuradoria passaria a entender que Geddel não cumpria as ordens de um chefe. Na segunda, ele perderia as condições de fechar uma delação, já que o acordo não pode ser oferecido a quem está no comando da gangue. Nos dois casos, o maior beneficiário do parecer de Dodge seria quem a nomeou.

02  de novembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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