"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O SONHO DO SULTÃO E AS "FAKE NEWS"

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Donald Trump acha que agora só tem “fake news”
Um sultão todo poderoso acordou desesperado. Sonhou que havia perdido todos os dentes. Ao despertar, mandou chamar o adivinho da Corte para as devidas interpretações.
– Que sonho terrível! Cada dente perdido significa a perda de um parente de Vossa Majestade.
– Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui, insolente!
Enfurecido, o sultão chamou os guardas e ordenou que lhe dessem 50 chibatadas.
Mandou chamar outro bruxo, que foi logo interpretando o sonho do sultão:
– Meu grande e excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
O sultão sorriu. Sua fisionomia iluminou-se. Chamou o guarda e mandou dar 200 moedas de ouro ao novo adivinho.
Quando o adivinho saía do palácio, um guarda lhe disse ao pé do ouvido:
– Incrível, sua interpretação do sonho foi a mesma de seu primeiro colega. Ao primeiro, o sultão mandou dar 50 chibatadas. A você 200 moedas de ouro.
– Meu amigo, tudo depende da maneira de dizer. O fato é o mesmo, a comunicação pode ser interpretada a favor ou contra. O importante é dizer o que a plateia ou o interlocutor quer ouvir.
UMA ARTE – Conclusão: a comunicação é uma arte. É como pedra preciosa. Se atirarmos nos olhos de alguém, pode ferir. Se a embalamos e oferecemos com ternura, é amizade e alegria.
Em tempos de “fake news”, de buscar todas as mídias para se tornar conhecido e de fazer da comunicação uma ferramenta de primeira necessidade, nada como relembrar de um texto de anos atrás.
Na França o debate sobre as “fake news” esta indo a pleno vapor. Quem é a favor, aplaude, quem é contra, repele. O presidente Emmanuel Macron, que é um líder moderno e esperto, já encontrou a solução: vai fazer uma lei que está sendo chamada Lei da Primavera, para definir as “fake news”. Já começa enquadrando os ingleses e americanos. Se a França tem como traduzir por que pedir a tradução em inglês?
APOIO DOS FRANCESES – O anúncio de Macron informa que a pesquisa Odoxa mostra o apoio dos franceses ao projeto para lutar contra as “fake news” em período eleitoral.
Este movimento pode fazer temer uma rejeição maciça à ideia. De fato, sobre 54.300 mensagens postadas em quatro dias, praticamente a metade exprimia uma rejeição clara ao controle dos conteúdos pelo Estado.
O espectro da censura foi largamente denunciado mas essas reações refletiram sobretudo a visão deformadora da realidade da opinião pública. Em compensação a opinião pública no conjunto, tem largamente uma posição contrária. Este é o ensinamento maior da sondagem.
FAKE NEWS – A expressão designa falsas informações que circulam na internet, afinal vazia de sua substância. O Figaro chama a atenção para o termo que surgiu na campanha presidencial americana. Apareceu finalmente no dicionário de Donald Trump. Nas últimas semanas o presidente dos Estados Unidos não parou de denunciar as “fake news”: compreendam, as informações segundo as mentiras das mídias desonestas.
O que é uma “fake news”? Dar uma definição curta que engloba todas as facetas não é coisa fácil, sobretudo em francês. Sempre traduzida por “falsas informações” a expressão “fake news” perdeu uma parte de seu senso original. O inglês distingue “fake” de “falso”, o que é errado, o que é falsificado.

12 de fevereiro de 2018
Sebastião Nery

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