Fica difícil, senão impossível, seguir adiante dentro do atual quadro partidário. Cada legenda, inclusive as pequenas, divide-se em grupos conflitantes. São 35, hoje, dentro em pouco serão 70. O presidente Michel Temer conta com o apoio de 88% do Congresso, mas se ficar privilegiando cada um dos grupos em que os partidos se dividem, logo tornará inútil continuar governando cada vez com mais exigências.
Está na hora de promover uma reformulação geral, acima e além das cláusulas de barreira tentadas mas não realizadas.
Não adianta lembrar fracassos passados, como foi a iniciativa do então presidente, marechal Castello Branco, que para evitar a derrota num Congresso esfrangalhado, dissolveu os partidos existentes e criou o bipartidarismo forçado, o partido do “sim” e o partido do “sim, senhor”, Arena e MDB.
IGUAL A 1965 – Agora não existe o perigo da derrota parlamentar para o governo, mas a situação é igualmente parecida como naqueles idos de 1965. As lideranças políticas vão concluindo não ser mais possível conviver em tamanha confusão. Por isso ganha corpo senão a dissolução forçada de todos os partidos, já que inexiste clima para atos de força, mas, pelo menos uma reordenação. Tem que ser antes de acirrada a disputa pela presidência da República, em 2018.
O PMDB e o PSDB poderiam dar o primeiro exemplo. Têm tudo em comum, já que um nasceu do outro, por divergências regionais. Pudesse Michel Temer reuni-los, mesmo se fosse sem Aécio Neves e Romero Jucá, os dois presidentes, algo surgiria de novo. Há quem pense em José Serra para erigir uma ponte, não para o futuro, mas para já. Para ontem, se fosse possível.
Claro que uma armação assim revelaria a opção óbvia de Temer pelo seu ministro das Relações Exteriores, para sucedê-lo. Haveria choro e ranger de dentes, mas dentro do quadro atual, solução não há.
01 de janeiro de 2017
Carlos Chagas
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