Brasil tem 'bala na agulha' para lidar com turbulência do dólar, diz Dilma
- Presidente justificou a recente alta do dólar no mercado brasileiro como resultado da política monetária dos Estados Unidos
Em entrevista a rádios de Belo Horizonte, a presidente da República Dilma Rousseff creditou a alta do dólar a uma mudança da política monetária dos EUA e garantiu que o Brasil tem reservas suficientes para combater as flutuações da moeda norte-americana. "Temos bala na agulha", afirmou a presidente, por telefone, na manhã desta quarta-feira. Segundo ela, a alta da moeda norte-americana independe da política monetária do país e é fruto da “globalização financeira”.
- Nossa política é de dólar flexível. Não ficamos defendendo uma posição, deixamos o dólar flutuar. Entramos no mercado para atenuar essas oscilações, para que a flutuação não seja abrupta ou crie pânico. Mas não temos uma meta de dólar - explicou a presidente, que considera a situação fiscal do país como "muito boa".
“Estamos dentro dos seis países com maior volume de reservas do mundo. É como se tivéssemos um colchão. Temos US$ 372 bilhões de reserva”. disse Dilma nesta manhã a rádios de Belo Horizonte, onde esteve ontem (27). “Temos bala na agulha para encarar esse processo que ocorre internacionalmente, que independe das decisões de política econômica, e é fruto dessa globalização financeira que impera do mundo.”
A presidenta disse que a intensa valorização recente do dólar é consequência da mudança de política do Fed (o Banco Central norte-americano), que colocou trilhões de dólares no mercado e decidiu reduzir a compra de títulos. “Só isso provocou em todo o mundo uma violenta desvalorização cambial porque o título do tesouro americano, que é a aplicação mais segura do mundo, começou a ter aumento de juros. Então as pessoas começaram a apostar.”
Dilma disse que as reservas brasileiras permitem ao Brasil se proteger melhor dos impactos da valorização do dólar e sofrer menos do que outras economias. Segundo ela, o governo atua para evitar grandes variações. “Nossa política é de dólar flexível. Nós não temos um dólar alvo. Entramos no mercado para atenuar essas flutuações, para não deixar que elas sejam abruptas ou criem qualquer processo de pânico.”
Durante a entrevista, a presidenta defendeu a economia brasileira, dizendo que ela mantém o crescimento, com inflação em processo menos agressivo do que esteve recentemente. Ela elogiou também a situação do mercado de trabalho no país, com baixa taxa de desemprego e a situação fiscal sob controle, com dívida líquida em 34,5% do PIB. Além disso, a presidenta ressaltou as concessões que serão feitas até o fim do ano para atrair investimentos privados em setores de infraestrutura, além da exploração de petróleo no Campo de Libra, uma das maiores do mundo. “Tudo isso cria ambiente muito mais positivo para economia brasileira.”
28 de agosto de 2013
Marcelo Fiuza - O Globo com agências internacionais
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