"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

BARROSO DIZ QUE GENOÍNO NÃO LUCROU COM A VIDA PÚBLICA. ROBESPIERRE TAMBÉM NÃO!


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu, durante a sessão desta quarta-feira, a figura de José Genoino, ex-presidente do PT e um dos condenados no processo do mensalão. Para ele, Genoino é um homem que “jamais lucrou com a vida política”.

Eu lamento condenar alguém que lutou contra a ditadura quando isso implicava grandes riscos, alguém que participou da Constituição democrática do país e que é um homem que, segundo todas as fontes confiáveis, leva vida modesta e jamais lucrou com a vida política.

O ministro adere, pelo visto, à tese de que a corrupção só é execrável quando visa ao enriquecimento pessoal. Mas isso não é verdade! Larápios muitas vezes são menos perigosos do que seres imbuídos de ideologia fanática, que partem da premissa de que seus nobres fins justificam quaisquer meios.

Robespierre, não custa lembrar, foi apelidado de “O Incorruptível”. Isso não o impediu de degolar milhares de inocentes e instaurar o Terror na França. Tampouco consta que Lênin ou Hitler fossem ladrões de galinha, interessados em acumular bens e riqueza para si próprios. Eram almas sedentas pelo poder.

A ideologia pode ser bem mais arriscada para a democracia do que a roubalheira. Genoino, não vamos esquecer, lutou a vida toda pelo regime comunista, que sempre deixou um rastro de miséria, escravidão e terror por onde passou. Comunistas sempre foram mais perigosos do que simples corruptos.

O PT demonstrou ser uma ameaça bem maior do que o PMDB para nossa República. Barroso, ao endossar o discurso do próprio PT, de que seu histórico estava salvo pois os líderes do mensalão não o praticaram para encher o próprio bolso, comete um grande equívoco.

Em sua fala, Barroso atacou, mais uma vez, o sistema político brasileiro, ao qual classificou como “indutor da criminalidade”:

De um lado, há parlamentares eleitos em campanha com custos estratosféricos que transformam o Parlamento num balcão de negócios. Não é de se estranhar que foram condenados nesse processo, por corrupção passiva, lideranças de vários partidos. Enquanto que, por outro lado, foram condenados por corrupção ativa líderes do governo querendo implementar sua agenda política.

Para o ministro, “o sistema politico reprime o bem e potencializa o mal”.

Se não alterarem o sistema eleitoral e partidário, essa lógica de compra e venda irá continuar como água torrencial que escorre. A corrupção encontrará caminhos nos desvios — disse, citando possíveis caminhos: o financiamento eleitoral, emendas orçamentárias que beneficiam empresas de fachada, licitações superfaturas, subfaturadas ou cartelizadas.

Uma vez mais, Barroso equipara o mensalão a casos comuns de corrupção, de desvio de recursos, o que não é verdadeiro. Foi uma tentativa de golpe na democracia. Ao culpar o sistema, o ministro alivia a intenção nefasta dos mensaleiros, que montaram uma quadrilha para usurpar o poder democrático e concentrá-lo todo em suas mãos. Barroso presta um desserviço ao país agindo dessa forma.

28 de agosto de 2013
Rodrigo Constantino

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