"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

LULA E DILMA: UM CASO DE POLÍCIA

Olavo de Carvalho, em um artigo recente diz:
 
“Há até quem negue que Dilma ou Lula sejam comunistas, mas faz isso porque não sabe exatamente o que é um comunista e, como em geral os liberais, imagina que é questão de ideais e ideologias. Na verdade, um sujeito é comunista não porque creia em tais ou quais coisas, mas porque ocupa um lugar numa organização que age como parte ou herdeira da tradição revolucionária comunista, com toda a pletora de variedades e contradições ideológicas aí contida.”
 
Logo depois, no mesmo artigo, ele afirma que para um sujeito falar com alguma propriedade sobre o movimento comunista, deve antes ter estudado por um programa de leitura que abrange algumas dezenas de autores* e que “pode ser cumprido em quatro ou cinco anos por um bom estudante”.
 
Há uma “ligeira” confusão aí, porque presume-se que para um sujeito “ser” comunista, ele tem que saber muito mais do que alguém que se propõe apenas a “falar com alguma propriedade” sobre o comunismo.
Como não consta que Lula, que não lê porque dá dor de cabeça, ou Dilma, que não consegue sequer lembrar o que acabou de ler ontem (vide episódio na campanha eleitoral onde ela teve que perguntar a uma assessora qual o livro que acabara de ler no dia anterior), tenham lido ao menos um dos escritores citados por Olavo, fica difícil enquadrá-los como comunistas.
 
É claro que Olavo exagerou, e muito, nas suas exigências, como é de costume, mas eu concordo que algum estudo seja fundamental para se poder falar sobre alguma ideologia política e, muito mais, para se poder executá-las.
E é por isso que discordo veementemente de quaisquer rótulos políticos que se imponham sobre Lula e Dilma: eles simplesmente não são nada exatamente pela total falta de preparo de ambos.
Lula, quando muito, é esperto o suficiente para se fazer passar por qualquer coisa para agregar apoios por interesse, já Dilma, nem isso.
 
Analisar ambos pelos seus conteúdos ideológicos é pura perda de tempo: eles não são um caso de política e sim de um “caso de polícia”.

*(1) Os clássicos do marxismo: Marx, Engels, Lênin, Stálin, Mao Dzedong.
(2)  Os filósofos marxistas mais importantes: Lukács, Korsch, Gramsci, Adorno, Horkheimer, Marcuse, Lefebvre, Althusser.
(3)  Main Currents of Marxism, de Leszek Kolakowski.
(4)  Alguns bons livros de história e sociologia do movimento revolucionário em geral, como Fire in the Minds of Men, de James H. Billington, The Pursuit of the Millenium, de Norman Cohn, The New Science of Politics, de Eric Voegelin.
(5)  Bons livros sobre a história dos regimes comunistas, escritos desde um ponto de vista não-apologético.
(6)  Livros dos críticos mais célebres do marxismo, como Eugen von Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Raymond Aron, Roger Scruton, Nicolai Berdiaev e tantos outros.
(7) Livros sobre estratégia e tática da tomada do poder pelos comunistas, sobre a atividade subterrânea do movimento comunista no Ocidente e principalmente sobre as "medidas ativas" (desinformação, agentes de influência), como os de Anatolyi Golitsyn, Christopher Andrew, John Earl Haynes, Ladislaw Bittman, Diana West.
(8)  Depoimentos, no maior número possível, de ex-agentes ou militantes comunistas que contam a sua experiência a serviço do movimento ou de governos comunistas, como Arthur Koestler, Ian Valtin, Ion Mihai Pacepa, Whittaker Chambers, David Horowitz.
(9)  Depoimentos de alto valor sobre a condição humana nas sociedades socialistas, como os de Guillermo Cabrera Infante, Vladimir Bukovski, Nadiejda Mandelstam, Alexander Soljenítsin, Richard Wurmbrand.
 
28 de agosto de 2013

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