"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O BRASIL PADECE DE UM MAL-ESTAR DIFUSO


 
A inspiração do título deste artigo me veio da leitura de um texto de autoria do economista André Lara Resende. Intitulado “O mal-estar contemporâneo”, saiu publicado recentemente no suplemento semanal de fim de semana do jornal “Valor”, e tenta compreender, com o talento dos Lara Resende, esta terrível doença espiritual que o romantismo chamou “le mal du siècle”, aplicada ao Brasil lulopetista.
 
Para Chateaubriand, em “Le Génie du Christianisme”, o grande mal apareceu devido à discrepância entre o verdadeiro objeto do desejo humano, que considerava infinito, e os objetivos que os seres humanos poderiam na realidade alcançar.
Botando a lupa no Brasil de hoje, não será difícil flagrar esse “mal-estar difuso”, disseminado país afora em doses de dolorida insatisfação da alma, envolvida não só em melancolia, mas também de impaciência com o mundo como é, com os obstáculos que se colocaram ao cumprimento do desejo do ser humano.
 
Entre nós, Lara Resende coloca o foco da questão na esfera da economia para observar que, a partir do segundo ano do governo petista, acalmados os mercados financeiros, sempre assustados com uma reviravolta à esquerda, entrou em cena o lulopetismo, e passou a pôr em movimento o que se denominou “o seu projeto”, se é que existiu.
Este, na opinião do autor, que adoto integralmente, “revelou-se flagrantemente retrógrado”: desenterraram o nacional-desenvolvimentismo, de raízes estatais, fizeram renascer a sobrevalorização cambial e promoveram a desindustrialização.
Na esfera político-partidária, caprichou-se no banquete da corrupção generalizada, na qual se fartaram os vetustos fregueses do poder, especialistas “na lógica dos escândalos”.

ESTOCADA

Vale transcrever a estocada : “O projeto nacional-desenvolvimentista combina o consumismo das economias capitalistas avançadas com o produtivismo soviético. Ambos pressupõem que o crescimento material é o objetivo da atividade humana. Aí está a essência de seu caráter anacrônico”.
Esquerda petista, base aliada, seu nome é anacronismo.
Há que terminar, o espaço é curto, venha o economista José Alexandre Scheinkman, desde 1999 professor da Universidade de Princeton:

1) Contenção do preço de gasolina: funcionou como imposto para o etanol. Qualquer economista teria entendido isso. Será que os Estados Unidos iriam criar um imposto para software de telefone?

2) Conteúdo nacional na indústria de petróleo: vai encarecer a produção de petróleo e atrasar no pré-sal. Toda barreira tem alto custo.

3) Dólar: O câmbio tem a ver com o que acontece não só com o cenário externo. Existe desânimo com o Brasil. Quando o governo faz truque nas contas fiscais, cria-se desconfiança sobre a seriedade do país, e metas fiscais soam como mentiras.

4) Inflação: A ideia é de que o teto da meta tenha virado o centro da meta.

5) Manifestações: Há uma classe política que parece autista em relação a esses problemas e uma cultura de dar privilégios a grupos, sem pensar no preço para a sociedade.
Ah! Voraz “mal du siècle”. (transcrito de O Tempo)

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