Com o passar do tempo, os pichadores se proliferaram em grandes cidades, e em muitos lugares, inclusive no Brasil, as manifestações de cunho político deram lugar a uma demarcação de território que explicita a competitividade entre grupos rivais.
No entanto, em Belo Horizonte, os protestos de junho de 2013 trouxeram de volta as pichações como forma de manifestação social e de crítica política, com enfoque no combate à realização da Copa do Mundo no país e nas reclamações contra os governantes.
Pelos principais corredores da cidade, se espalharam as pichações contra a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e os governos. Sob os viadutos ou em espaços particulares, as palavras de ordem revelam um novo foco da ocupação urbana. Hoje, a pichação “tradicional” divide espaço com essa nova tendência.
A avenida Antônio Carlos, por onde seguiam os protestos de junho, concentra a maior parte da pichações políticas na cidade. No corredor, um contêiner da construtora que toca as obras do Move (nome dado ao BRT, sigla em inglês para transporte rápido por ônibus), foi alvo dos protestos. “Fifa go home (em português: Fifa, vá para casa)”, diz uma das pichações.
PREFEITO E DILMA
O prefeito Marcio Lacerda e a presidente Dilma Rousseff também são alvos. No viaduto Santa Tereza – que liga o centro da capital e o bairro Floresta, ambos na região Centro-Sul –, recentemente ocupado pelos movimentos sociais nascidos em junho, as palavras de ordem contra o prefeito se destacam. “Fora Lacerda” é a frase mais vista nos tapumes que recobrem a área inferior do viaduto, que passa por obras de restauração. Nem mesmo a fachada histórica da Serraria Souza Pinto escapou da “ação política” dos pichadores.
A profusão dos escritos chamou a atenção do servidor público Marcus José Lacorte, 54, que parou por alguns minutos para ler as manifestações expressas nas pichações. “A manifestação política é legítima, mas a pichação, não. Se fosse no muro da minha casa, eu não iria gostar”, avalia.
CRIME
O delegado titular da 2ª Delegacia de Meio Ambiente, Aloísio Daniel Fagundes, faz um alerta aos pichadores. “Pichar, mesmo que com cunho político, é crime incluso no Artigo 65 da Lei 9.605/1998. Dá pena de três meses a um ano de prisão. Se o bem pichado for tombado pelo patrimônio histórico, a pena dobra”, diz.
02 de março de 2014
Rodrigo Freitas
O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário