"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

DÚVIDAS NO AR

 

Dúvida no ar – Um dia após a apreensão de cerca de 1.500 obras desaparecidas de mestres do modernismo, a imprensa alemã especula sobre o destino das pinturas, que segundo reportagem da revista alemã Focus teria sido encontrada por agentes alfandegários num apartamento em Munique.

Os semanários “Die Zeit” e “Der Spiegel” apontam que a coleção talvez até tenha que ser devolvida ao homem de 80 anos que as guardava. As obras chegaram a Cornelius Gurlitt pelo pai, o colecionador de arte Hildebrand Gurlitt, que comprou as pinturas nas décadas de 1930 e 1940.
Entre as obras de arte, estão trabalhos de Pablo Picasso, Henri Matisse e Marc Chagall e dos pintores alemães Emil Nolde, Franz Marc, Max Beckmann e Max Liebermann. Segundo a Focus, os nazistas teriam roubado as obras de colecionadores judeus ou as teriam confiscado, designando-as como arte “degenerada”.

A agência de notícias DPA informou que o Ministério Público de Augsburg, responsável pela averiguação do caso, não confirmou nem desmentiu a reportagem divulgada pela revista alemã no domingo (3).
Destino incerto

Parentes dos antigos donos das obras esperam há anos pela devolução das pinturas, mas, de acordo com o Zeit, poderão ser decepcionados também neste caso, já que as obras só serão devolvidas se a antiga propriedade for comprovada sem nenhuma dúvida. As complicações surgem porque Gurlitt comprou as obras de forma legítima.

Porém, de acordo com a revista Focus, que publicou o texto sobre a apreensão das obras no fim de semana, as autoridades podem ter encontrado uma brecha legal para devolver as obras aos antigos donos.

Trata-se de uma carta das chamadas “agências de reparação”, escrita nos anos 1960 e destinada à viúva de Gurlitt. O texto perguntava sobre o destino de algumas das obras perdidas. A viúva negou que a família estivesse com a posse das obras, mas elas teriam sido encontradas em Munique. Provada a mentira, as autoridades poderiam conseguir devolver as pinturas aos donos originais.
Apreensão bilionária

De acordo com a Focus, os agentes já haviam investigado o apartamento no início de 2011. Anteriormente, Cornelius Gurlitt chamara a atenção do fisco alemão durante um controle alfandegário em viagem de trem da Suíça para Munique. De acordo com a reportagem, as pinturas apreendidas se encontram agora na ala de segurança da alfândega da Baviera, em Garching, próximo a Munique.

A revista informou ainda que uma historiadora de arte está investigando a origem e o valor das obras, avaliada pela Focus em cerca de 1 bilhão de euros (por volta de R$ 3 bilhões).
Segunda a revista, o Ministério Público estaria investigando a suspeita de sonegação fiscal por parte do homem de 80 anos, que não ofereceu resistência durante a ação de vários dias para a retirada dos quadros do apartamento. No decorrer dos anos, o aposentado teria vendido alguns trabalhos para o seu sustento.

Uma pintura de Henri Matisse, que pertenceu ao colecionador judeu Paul Rosenberg, estaria entre os quadros apreendidos, informou a revista. Rosenberg era avô da jornalista francesa Anne Sinclair, que há anos luta pela devolução das obras roubadas pelos nazistas. De acordo com a Focus, até agora, Sinclair não sabia da existência desse quadro de Matisse.
Arte de guerra

Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas pilharam obras de arte na Alemanha e em outras partes da Europa. Muitas dessas obras foram confiscadas de proprietários judeus, que foram obrigados a vendê-las por um preço baixo.

Entre 1940 e 1944, estima-se que as forças nazistas tenham apreendido, por exemplo, cerca de 100 mil pinturas, tapetes, antiguidades e outros trabalhos de arte das casas de judeus franceses, que foram privados de seus direitos civis de acordo com a lei racial decretada pela política de colaboração do governo de Vichy.

Desde então, milhares de obras de arte roubadas foram restituídas aos proprietários ou seus descendentes, mas muitas delas nunca foram recuperadas. Na semana passada, uma investigação revelou que 139 obras do acervo de museus holandeses, incluindo uma pintura de Matisse e duas de Kandinsky, teriam sido roubadas pelos nazistas.

05 de novembro de 2013
ucho.info
(Com DW, DPA e AFP)

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