"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

TERRORISTA CESARE BATTISTI "CANCELA" PALESTRA EM SANTA CATARINA

Alvo de críticas por ser patrocinada com verbas federais, uma palestra na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) com Cesare Battisti, condenado na Itália por terrorismo e asilado no Brasil, foi cancelada no início da tarde desta terça-feira (5).
 
O comitê organizador do evento informou que Battisti comunicou que não participaria do evento em e-mail e em mensagem de texto enviada na madrugada desta terça.
Os organizadores informaram que uma "decisão do governo federal tomada na noite de 4 de novembro impossibilitou a vinda do escritor Cesare Battisti à UFSC".
Ainda segundo a organização, Battisti receberia R$ 900 por hospedagem e transporte, e bancaria a própria alimentação.
 
O italiano Battisti seria o principal palestrante do evento "Quem Tem Direito ao Dizer", em Florianópolis, uma promoção do PET Letras, programa nacional gerenciado pelo Ministério da Educação. A palestra estava agendada para esta quarta-feira (5). Segundo o professor Fábio Lopes da Silva, tutor local do programa, o objetivo do encontro é "dar voz aos malditos, aos proscritos e aos excluídos".
 
No comunicado, ao qual a Folha teve acesso, o italiano pede desculpas pela "comunicação tardia" e declara que foi orientado a declinar do convite pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pelo assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, para não violar "obrigações com as leis deste país".
 
Suplicy informou que telefonou para Battisti na noite desta segunda-feira (4), depois de conversar com Marco Aurélio Garcia e ouvir dele que o evento "estava ganhando conotação política e poderia prejudicar Battisti".
 
"Ele [Battisti] não tinha intenção de fazer observações políticas ou comentar a relação entre Brasil e Itália. Queria falar dos seus livros. Mas eu ponderei a ele para não ir", disse o senador.
A assessoria de Marco Aurélio Garcia informou inicialmente que iria comentar o episódio, mas recuou e disse que ele não se manifestará. A Presidência da República também informou, via secretaria de imprensa, que não comentará.
 
"Repliquei com todos os detalhes que a palestra seria feita na faculdade de letras, que o objetivo era exclusivamente o meu percurso enquanto escritor. Apesar disso me foi fortemente recomendado de não ir a Florianópolis porque as consequências para mim poderiam ser graves", escreveu Battisti.

 Caio Guatelli-31.ago.11/Folhapress 
Cesare Battisti ministra palestra em universidade de SC
Cesare Battisti cancela palestra em universidade de Santa Catarina

 
A nota diz ainda que "reações organizadas à presença do palestrante, que incluíram promessas de censura e mesmo de violência física, poderiam colocar em risco a integridade do convidado e o patrimônio da universidade".
 
O evento foi mantido e o biógrafo de Battisti, Carlos Lungarzo, foi convidado a assumir a palestra do italiano.
 
PROTESTOS
 
Condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, Battisti nega o suposto envolvimento nos assassinatos e diz ser vítima de perseguição política.
 
O professor Fábio Lopes da Silva, que organizou o evento, classificou Battisti como "maldito por excelência", o que combinaria com a temática do evento. "Ele é uma figura tatuada com o emblema da exclusão", disse ele à reportagem na manhã desta terça (5), quando ainda desconhecia o e-mail de Battisti.
 
A participação do italiano em um evento pago com verba federal motivou protesto de um pequeno grupo de professores da UFSC. Sérgio Colle, docente de engenharia mecânica e consultor do Ministério da Ciência e Tecnologia, fez críticas públicas à universidade por considerar a palestra do italiano "uma afronta à Justiça".
 
"O evento é um despropósito, sobretudo uma afronta à instituição universitária brasileira", declarou.
 
HISTÓRICO
 
Battisti entrou ilegalmente no Brasil em 2004, e foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro três anos depois ---atualmente mora em São Paulo.
 
Em 2009 recebeu do governo brasileiro o status de refugiado político, o que abriu uma crise diplomática com a Itália. O italiano foi mantido preso até 2011, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) validou a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mantê-lo no país.
 
No Brasil, Battisti foi condenado a dois anos de prisão por uso de passaporte falso. Mas a pena foi revertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de dez salários mínimos a entidades de assistência social.

05 de novembro de 2013
JEFERSON BERTOLINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

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