Vence nesta semana o prazo que o senador tucano Aécio Neves deu a seus aliados para reagir na disputa pela Presidência da República: 15 de setembro. Em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, ele tenta frear as discussões dentro do próprio partido sobre o rumo que deve seguir se ficar fora do segundo turno.
Com 15% das intenções de voto no levantamento mais recente do Datafolha, Aécio está quase 20 pontos percentuais atrás das duas candidatas que empataram na liderança da corrida, a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB).
Parte do PSDB defende o apoio a Marina no segundo turno da eleição. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal fiador da candidatura de Aécio no partido, faz parte desse grupo. Pessoas próximas a FHC dizem que ele não "jogou a toalha", mas vê com "realismo" a situação de Aécio na disputa e tem discutido o assunto dentro do partido. O ex-presidente nega ter falado sobre o tema com aliados de Marina.
Ciente do debate interno, o candidato tem enviado recados para dentro e fora do PSDB. Nos últimos dias, ele repetiu várias vezes que irá para a oposição se não chegar ao segundo turno, adotando discurso quase obrigatório para um candidato que ainda diz acreditar em uma virada.
Na sexta-feira (12), o tucano conversou sobre o assunto com aliados em São Paulo. Disse ver sinais de "nervosismo" na campanha de Marina, que oscilou negativamente nas pesquisas da semana passada. Na sua avaliação, afirmou, "começou uma mexida" no ambiente eleitoral que pode ser o início de um "esfarelamento" da rival.
A tese é amparada em levantamentos internos do PSDB e pesquisas divulgadas para o público, que na semana passada mostraram Marina perdendo votos na classe média e em cidades grandes. Para o candidato tucano, o comportamento desses segmentos do eleitorado aponta tendências, por serem compostos por pessoas mais bem informadas e, portanto, mais atentas às acusações que têm sido feitas contra Marina.
A ex-senadora está há mais de dez dias sob ataque dos adversários, que lançaram dúvidas sobre sua capacidade de obter apoio no Congresso para governar e suas intenções ao defender a autonomia do Banco Central e o investimento em fontes de energia alternativas ao petróleo.
QUEIXAS
As últimas pesquisas mostram que, se Marina perdeu votos com isso, eles não migraram para a urna de Aécio. Mesmo assim, estrategistas do comitê tucano apostam que muitos eleitores antipetistas que trocaram Aécio por Marina devem voltar para o PSDB e podem ajudar o candidato a ganhar até seis pontos percentuais na reta final.
"Eles estão nervosos", disse Aécio a um interlocutor na sexta. "Nunca ligaram para a gente. Essa semana, não passaram um dia sem reclamar." Segundo os tucanos, integrantes do PSB fizeram contato com o comitê de Aécio para dizer que ele estava criticando Marina demais, o que ajudaria a desidratar a pessebista e, ao mesmo tempo, fortalecer a presidente Dilma.
"Não vou fazer ataques pessoais", afirmou o senador ao mesmo aliado. "Mas não tem jeito. Ainda acredito que dá para virar isso aí. Se der certo, nas próximas semanas vou esbarrar com ela na casa dos 22%, 23% dos votos."
(Folha de São Paulo)
14 de setembro de 2014
in coroneLeaks
(Folha de São Paulo)
14 de setembro de 2014
in coroneLeaks
Nenhum comentário:
Postar um comentário