Pela primeira vez passei o 4 de julho nos Estados Unidos, e pude verificar “in loco” a importância que os americanos dão ao dia de sua independência. É comovente. Bandeiras para todo lado, fogos de artifício estourando em cada esquina, toda uma nação louvando seus heróis, os “pais fundadores”, e também enaltecendo o papel dos militares nas lutas para preservar a liberdade.
O legado da Revolução Americana é o mais importante na história da liberdade. A famosa passagem da Declaração de Independência de 1776 deixa isso claro: “Consideramos estas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. Havia ali, pela primeira vez, uma mudança de paradigma que colocava o foco no indivíduo, e tratava o governo como seu servo, não o contrário.
Nenhum país é perfeito. Mas os americanos têm motivos de sobra para se orgulhar de sua trajetória como nação. São a democracia mais sólida do mundo, com uma Constituição inalterada há mais de dois séculos, sofrendo apenas algumas emendas. Estiveram do lado certo na Grande Guerra, enfrentando os nazistas, e depois na Guerra Fria, combatendo os comunistas. Representaram — e ainda representam, com ressalvas — o farol da liberdade no mundo civilizado.
Mas se fiquei emocionado ao ver toda a festa, com sabor especial por ser também o dia do meu aniversário, bateu certa tristeza por outro lado, ao constatar como estamos distantes disso no Brasil. Todo brasileiro sensato, acredito, oscila entre a desesperança e um amor insistente à Pátria. Brasileiro não desiste nunca, diz o ditado popular. Mas como é difícil manter a chama da esperança acesa às vezes!
Devemos evitar o fatalismo, o derrotismo dos que só cospem no país, numa espécie de complexo vira-lata, repetindo que nunca teremos jeito com esse “povo”. E também devemos fugir do outro extremo, o ufanismo boboca, o nacionalismo oportunista, que enxerga qualidades onde não há, que enaltece o que não tem valor só por ser brasileiro. O olhar deve ser honesto, como um pai analisaria o filho que realmente ama, sem lente cor-de-rosa nem autoengano.
E quando fazemos isso, a conclusão é inevitável: temos tido poucos motivos para orgulho legítimo de nosso país. Para começo de conversa, os quatro mandatos seguidos do PT no governo. Que país é esse, que preserva por tanto tempo uma turma tão incompetente, corrupta, cínica e populista no poder? Alguns podem apontar que a culpa é do “povo” ignorante, mas prefiro direcionar minha revolta contra a elite dos “intelectuais”, pois esses deveriam ter mais noção das coisas. No entanto, trata-se de uma elite que ainda flerta com o socialismo, uma esquerda caviar que ou não saiu da infância romântica, ou se vende por migalhas estatais.
O Brasil é líder (ou quase) em algumas coisas no mundo. Mas não são quesitos que deveriam nos orgulhar. Temos cerca de 60 mil homicídios por ano. Outras dezenas de milhares morrem no trânsito caótico. Nosso sistema de saúde universal é uma afronta aos pagadores de impostos. Nosso ensino público tem qualidade lamentável, e a doutrinação ideológica é muito maior do que a educação efetiva.
Basta ver quem é o “patrono” de nossa educação: o revolucionário Paulo Freire, defensor dos tiranos mais assassinos do mundo. Como resultado disso, em vez de formarmos jovens críticos que aprendem a pensar por conta própria, deformamos milhões de alunos todo ano com lixo marxista, criando uma legião de papagaios de slogans socialistas. O novo reitor da UFRJ veste, literalmente, o boné dos criminosos do MST. Precisa dizer mais alguma coisa?
O debate ideológico é muito atrasado em nosso país. A esquerda retrógrada, que idolatra Cuba, ainda domina boa parte da imprensa, das universidades, da igreja. As soluções demandadas para os problemas criados por excesso de governo são sempre mais governo. A liberdade individual tem valor muito baixo no Brasil. O Estado ainda é visto como um “messias salvador”. Basta citar que, mesmo com o “petrolão”, quase ninguém defende a privatização da Petrobras. Querem um estado empresário apesar de tudo!
O Brasil cansa. Mas não podemos desistir. É possível mudar o futuro, pois não acredito em determinismos. Talvez devêssemos nos espelhar mais no exemplo americano, deixando o antiamericanismo, fruto da inveja, de lado. Há muito que aprender com essa nação. A começar pelo respeito que as liberdades individuais e o capitalismo têm por aqui.
08 de julho de 2015
in blog do orlando tambosi
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