Usando pela primeira vez um mandado de prisão para prender um ativista acusado de associação criminosa e dano ao patrimônio em manifestação de rua, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prendeu, na quarta-feira passada, o motorista João Antônio Alves Roza, de 46 anos. Ele apareceu em imagens participando do quebra-quebra ocorrido em 19 de junho na Avenida Marginal do Rio Pinheiros depois de uma manifestação em que o Movimento Passe Livre (MPL) comemorou um ano da revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos pelo governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e pelo prefeito da capital, Fernando Haddad, do PT. O prejuízo da concessionária Mercedes-Benz - 12 carros de luxo foram danificados, segundo a polícia, por um grupo liderado por Roza, flagrado em vídeos e fotos atirando um extintor na fachada de vidro da loja depredada - foi calculado em R$ 3 milhões.
Ele vinha sendo monitorado pela polícia desde que foi notado como um dos líderes do quebra-quebra de 12 de junho, após um protesto contra a Copa do Mundo no Brasil. Na ocasião, o ajudante-geral Henrique Lima da Silva, de 19 anos, foi preso sob a acusação de ter destruído lixeiras a pontapés. O diretor do Deic, Wagner Giudice, informou que seus investigadores descobriram Roza por meio da rede social Facebook, na qual ele postou uma foto ao lado do filho, usando o boné e os óculos com que estava na depredação da concessionária.
Ele foi encontrado em São Mateus. Em sua casa, a polícia apreendeu dois produtos eletrônicos furtados de uma residência em Mauá, no ABC paulista, em 20 de abril. Com idade bem acima da média dos black blocs, e, ao contrário da maioria destes, sem ter frequentado faculdade ou participado de movimentos políticos, tem passagem pela polícia por receptação de produtos roubados, formação de quadrilha, pedofilia e porte de arma. Ele admitiu ter participado de atos de vandalismo.
Além dele e do ajudante-geral, outros dois black blocs foram presos por terem participado de depredações, após manifestações de protesto tidas como pacíficas. No dia 23, o Deic prendeu em flagrante num ato contra o Mundial na Avenida Paulista o funcionário da farmácia no Centro de Saúde Escola Butantã e estudante de comunicação da USP Fábio Hideki Harano, de 26 anos, e Rafael Marques Lusvarghi, de 29. Este se disse professor de inglês e contou ter passado pelas PMs de São Paulo e do Pará. Os dois foram indiciados por cinco crimes: associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, incitação à violência, resistência e desobediência. Acusado de portar explosivos, Harano alegou que tinha apenas uma garrafa de vinagre na mochila. O Sintusp, sindicato dos funcionários da USP, exigiu a liberdade imediata de Harano em nota oficial em que afirmou: "Todos os funcionários da USP que o conhecem sabem de sua inocência quanto às acusações e ao que tem sido veiculado pela mídia. Sua prisão se deu de forma absurdamente arbitrária, o que gerou grande indignação em todos". Mas o juiz Sandro Rafael Barbosa Pacheco decretou a prisão preventiva da dupla, negando pedido de liberdade provisória da Defensoria Pública, que anunciou que recorrerá às instâncias superiores.
O governador Geraldo Alckmin elogiou a operação policial que resultou na prisão do motorista que atirou o extintor na direção da concessionária de automóveis. Segundo ele, "as ações policiais - a maioria nesses casos - são filmadas. O que nós vimos aqui, nas últimas vezes em São Paulo, não foi manifestação, foram atos de depredação, de vandalismo, foram crimes". O governador lembrou ainda que "já teve ordem de Justiça para a prisão. E nós vamos identificar todos".
Tudo indica, então, que tanto o Poder Executivo quanto o Judiciário saíram da passividade demonstrada em manifestações anteriores e resolveram prender e processar vândalos que abusam da natureza política correta das manifestações de rua para cometer crimes comuns, previstos no Código Penal e passíveis de punição. E já não era sem tempo.
Ele vinha sendo monitorado pela polícia desde que foi notado como um dos líderes do quebra-quebra de 12 de junho, após um protesto contra a Copa do Mundo no Brasil. Na ocasião, o ajudante-geral Henrique Lima da Silva, de 19 anos, foi preso sob a acusação de ter destruído lixeiras a pontapés. O diretor do Deic, Wagner Giudice, informou que seus investigadores descobriram Roza por meio da rede social Facebook, na qual ele postou uma foto ao lado do filho, usando o boné e os óculos com que estava na depredação da concessionária.
Ele foi encontrado em São Mateus. Em sua casa, a polícia apreendeu dois produtos eletrônicos furtados de uma residência em Mauá, no ABC paulista, em 20 de abril. Com idade bem acima da média dos black blocs, e, ao contrário da maioria destes, sem ter frequentado faculdade ou participado de movimentos políticos, tem passagem pela polícia por receptação de produtos roubados, formação de quadrilha, pedofilia e porte de arma. Ele admitiu ter participado de atos de vandalismo.
Além dele e do ajudante-geral, outros dois black blocs foram presos por terem participado de depredações, após manifestações de protesto tidas como pacíficas. No dia 23, o Deic prendeu em flagrante num ato contra o Mundial na Avenida Paulista o funcionário da farmácia no Centro de Saúde Escola Butantã e estudante de comunicação da USP Fábio Hideki Harano, de 26 anos, e Rafael Marques Lusvarghi, de 29. Este se disse professor de inglês e contou ter passado pelas PMs de São Paulo e do Pará. Os dois foram indiciados por cinco crimes: associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, incitação à violência, resistência e desobediência. Acusado de portar explosivos, Harano alegou que tinha apenas uma garrafa de vinagre na mochila. O Sintusp, sindicato dos funcionários da USP, exigiu a liberdade imediata de Harano em nota oficial em que afirmou: "Todos os funcionários da USP que o conhecem sabem de sua inocência quanto às acusações e ao que tem sido veiculado pela mídia. Sua prisão se deu de forma absurdamente arbitrária, o que gerou grande indignação em todos". Mas o juiz Sandro Rafael Barbosa Pacheco decretou a prisão preventiva da dupla, negando pedido de liberdade provisória da Defensoria Pública, que anunciou que recorrerá às instâncias superiores.
O governador Geraldo Alckmin elogiou a operação policial que resultou na prisão do motorista que atirou o extintor na direção da concessionária de automóveis. Segundo ele, "as ações policiais - a maioria nesses casos - são filmadas. O que nós vimos aqui, nas últimas vezes em São Paulo, não foi manifestação, foram atos de depredação, de vandalismo, foram crimes". O governador lembrou ainda que "já teve ordem de Justiça para a prisão. E nós vamos identificar todos".
Tudo indica, então, que tanto o Poder Executivo quanto o Judiciário saíram da passividade demonstrada em manifestações anteriores e resolveram prender e processar vândalos que abusam da natureza política correta das manifestações de rua para cometer crimes comuns, previstos no Código Penal e passíveis de punição. E já não era sem tempo.
11 de julho de 2014
Editorial O Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário