Forte retração registrada pelo setor automotivo no primeiro semestre reflete fracasso da política econômica dos últimos anos
O colapso das vendas e da produção de automóveis nos últimos meses é uma amostra perfeita e acabada do fracasso da política econômica dos últimos anos. De um lado, o setor esbarra nos limites estreitos das medidas de estímulo ao consumo; de outro, tropeça na falta de competitividade e de integração com o resto do mundo.
Não é sem motivo, portanto, que em junho a fabricação de veículos no país diminuiu 23,3% em relação a maio. No acumulado do semestre, houve redução de 16,8% diante do mesmo período de 2013.
Com isso, a Anfavea (associação de fabricantes) revisou sua projeção de produção para o ano: em vez de alta de 1,4%, agora estima queda de 10%. Se isso se confirmar, será o maior decréscimo desde 1998.
Os estoques, por sua vez, permanecem altos, cerca de 45 dias de vendas. É quase o pico histórico, superado apenas pelo auge da crise de 2009, quando a economia mundial ficou paralisada.
Desta vez, no entanto, o problema é 100% local. Já não produzem os mesmos efeitos as ferramentas empregadas pelo governo federal com vistas a fomentar compras, como redução de IPI e mudanças na regulação para facilitar a expansão do crédito, com forte presença dos bancos públicos.
Verdade que a Copa do Mundo tem afetado o comércio e que haverá, no segundo semestre, maior número de dias úteis. São questões pontuais, porém, incapazes de mudar o quadro geral de desalento.
Ao lado da perda do poder de alavanca do crédito estão as medidas protecionistas. Em boa parte por causa delas, o Brasil perdeu para o México a posição de sétimo maior produtor de veículos.
Enquanto as montadoras brasileiras fabricaram 1,5 milhão de veículos leves no primeiro semestre, as mexicanas produziram 1,6 milhão. Do total nacional, 11% são destinados às exportações, com forte concentração (85%) das vendas para a Argentina; no México, 80% vão para mercados externos.
A falácia do protecionismo aparece com clareza. Não há competitividade sem integração comercial. As montadoras, como a maior parte das multinacionais, estão no Brasil para explorar o mercado interno. Escudadas pelas tarifas, têm poucos incentivos para inovar e buscar preços internacionais.
É fato que os impostos são elevados, mas a rentabilidade não deixa a desejar: entre 2010 e maio deste ano, o setor remeteu ao exterior US$ 16 bilhões em lucros.
Com a fraqueza das vendas e a crise na Argentina, as montadoras não têm como redirecionar produtos para o exterior --não se produzem aqui carros com aceitação global. O Brasil está na contramão do mundo, e grande parcela da culpa vem da mentalidade isolacionista que hoje permeia o governo.
O colapso das vendas e da produção de automóveis nos últimos meses é uma amostra perfeita e acabada do fracasso da política econômica dos últimos anos. De um lado, o setor esbarra nos limites estreitos das medidas de estímulo ao consumo; de outro, tropeça na falta de competitividade e de integração com o resto do mundo.
Não é sem motivo, portanto, que em junho a fabricação de veículos no país diminuiu 23,3% em relação a maio. No acumulado do semestre, houve redução de 16,8% diante do mesmo período de 2013.
Com isso, a Anfavea (associação de fabricantes) revisou sua projeção de produção para o ano: em vez de alta de 1,4%, agora estima queda de 10%. Se isso se confirmar, será o maior decréscimo desde 1998.
Os estoques, por sua vez, permanecem altos, cerca de 45 dias de vendas. É quase o pico histórico, superado apenas pelo auge da crise de 2009, quando a economia mundial ficou paralisada.
Desta vez, no entanto, o problema é 100% local. Já não produzem os mesmos efeitos as ferramentas empregadas pelo governo federal com vistas a fomentar compras, como redução de IPI e mudanças na regulação para facilitar a expansão do crédito, com forte presença dos bancos públicos.
Verdade que a Copa do Mundo tem afetado o comércio e que haverá, no segundo semestre, maior número de dias úteis. São questões pontuais, porém, incapazes de mudar o quadro geral de desalento.
Ao lado da perda do poder de alavanca do crédito estão as medidas protecionistas. Em boa parte por causa delas, o Brasil perdeu para o México a posição de sétimo maior produtor de veículos.
Enquanto as montadoras brasileiras fabricaram 1,5 milhão de veículos leves no primeiro semestre, as mexicanas produziram 1,6 milhão. Do total nacional, 11% são destinados às exportações, com forte concentração (85%) das vendas para a Argentina; no México, 80% vão para mercados externos.
A falácia do protecionismo aparece com clareza. Não há competitividade sem integração comercial. As montadoras, como a maior parte das multinacionais, estão no Brasil para explorar o mercado interno. Escudadas pelas tarifas, têm poucos incentivos para inovar e buscar preços internacionais.
É fato que os impostos são elevados, mas a rentabilidade não deixa a desejar: entre 2010 e maio deste ano, o setor remeteu ao exterior US$ 16 bilhões em lucros.
Com a fraqueza das vendas e a crise na Argentina, as montadoras não têm como redirecionar produtos para o exterior --não se produzem aqui carros com aceitação global. O Brasil está na contramão do mundo, e grande parcela da culpa vem da mentalidade isolacionista que hoje permeia o governo.
11 de julho de 2014
Editorial Folha de SP
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