Entre deixar a riqueza no fundo do mar ou tirar proveito dela, Dilma optou pela solução mais lógica: oferecer a empresas estrangeiras parceria na extração do petróleo, devendo realizar-se o primeiro leilão do campo de Libra, segunda-feira.
Parece justa a indignação de funcionários da Petrobras e de economistas de formação nacionalista, mas a pergunta que se faz é se eles terão alguma alternativa. Porque no fundo, até do oceano, estão os interesses das multinacionais e das estatais, no caso, as chinesas. Cabe-nos fiscalizar essas empresas e verificar se cumprirão os contratos que destinam ao Brasil mais da metade do petróleo extraído.
Precisamos estar preparados para enfrentar golpes baixos. A simples presença de uma frota permanente da Marinha americana no Atlântico Sul levanta dúvidas quanto às intenções de Washington: querem o petróleo a qualquer custo. O grave na questão é que nossa Marinha carece de meios para defender o pré-sal. O tal submarino nuclear não sairá antes de vinte anos. A espionagem sobre a Petrobras constitui fato inegável.
Por ironia, a presidente Dilma autorizou que o Exército vá para as ruas do Rio garantir a realização do leilão, na hipótese de manifestações violentas em torno do hotel onde estarão os interessados na divisão do pré-sal. Houve tempo em que o Exército garantia a campanha do “Petróleo É Nosso”.
MERCOSUL EM XEQUE
Profunda denúncia foi feita pelo senador Roberto Requião, ontem. O governo se abre para as privatizações enquanto dá de ombros para o Mercosul e a unidade dos países da América do Sul.
Aprova desonerações e isenções fiscais para as multinacionais aqui estabelecidas, especialmente as montadoras, que aumentaram cinco vezes o seu lucro, com o agravante de que aplicam os recursos fora do Brasil. Continuamos exportando minério de ferro, soja e carne, ao tempo em que nossa economia nos torna cada vez mais dependentes do capital internacional.
DISPONIBILIDADE
Declarou José Serra estar disponível para a política, que não abandonou. Na intimidade, admite candidatar-se à indicação do PSDB para presidente da República. Acredita dispor de mais apoio do que Aécio Neves, no partido e no eleitorado. Há quem o aconselhe a mais um passo: tornar pública a disposição presidencial e aumentar o diapasão de suas críticas ao governo Dilma e à própria presidente. Só dizer que ela estudou e não aprendeu é pouco.
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