"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

OPORTUNIDADE PARA UM MEA CULPA

         


Mais do que uma temporada de mentiras, assiste-se na atual fase da campanha presidencial um festival de besteiras, a maior parte delas produzidas pela presidente Dilma, uma evidência a mais de estar desconfiada ou desesperada com a hipótese da eleição de Marina. Teve endereço certo a última farpa produzida pela chefe do governo contra a adversária, domingo, ao dizer que a presidência da República não é para coitadinhos.
 
Estaria se referindo à saúde supostamente frágil de Marina, que pesa 48 quilos? Se a eleição se fizesse em torno de uma balança, Dilma estaria perto do dobro, o que também não significa penhor de vitalidade.
 
Pior fica quando se atenta para a propaganda gratuita pelo rádio e a televisão. Será que a saúde e a educação públicas vão perder um trilhão e trezentos bilhões de reais porque Marina prefere fontes de energia alternativas ao petróleo?
Mesmo assim, ninguém apresenta uma só declaração ou gravação da ex-senadora anunciando que dará menor atenção ao pré-sal. Imaginar mais autonomia e até independência ao Banco Central determinando o reinado dos banqueiros na política financeira equivale a profunda aleivosia.
Aliás, quem manteve durante oito anos um banqueiro no Banco Central foi o Lula.
 
Supor que no caso da vitória de Marina seriam extintos os programas sociais do “bolsa-família”, do “minha casa, minha vida” ou do “mais médicos”, sem uma só palavra da candidata nesse sentido, significa má-fé. Ela jamais deixou entrever que revogaria essas iniciativas. Pelo contrário, pretende continuá-las.
Há também a questão das lágrimas. Marina chorou por ter sido maltratada pelo Lula, jurando que jamais o trataria como é tratada, inclusive pela presidente Dilma. Desde quando o choro é sinal de fraqueza?
 
Fica evidente estar o PT temeroso da derrota. Maus conselhos tem sido dados a Dilma para aumentar o diapasão de suas críticas a Marina, que se por sua vez tivesse bons conselheiros não cairia na armadilha da oponente. Simplesmente deveria ignorar as agressões, atendo-se a apresentar planos e programas de governo, claro que com os esclarecimentos necessários a desfazer dúvidas sobre suas intenções.
 
Hoje será um dia especial, quando os candidatos presidenciais se reunirão em Aparecida do Norte, para uma sabatina com a CNBB. Provavelmente não será permitida a intervenção dos fiéis no debate, mas Dilma, Marina e talvez Aécio Neves terão oportunidade para um mea culpa pelas baixarias anteriores. Ou continuarão encenando o lamentável espetáculo de acusações pueris?

18 de setembro de 2014
Carlos Chagas

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