Deve-se deduzir que os deputados quiseram simplesmente fazer um agrado a milhares de eleitores com o pacote, que vai custar ao país mais de R$ 900 milhões
Como saiu no jornal, a Câmara dos Deputados aprovou um “pacote de bondades” para os funcionários da União. Quem não leu, fique sabendo: o tal pacote vai custar ao país mais de R$ 900 milhões por ano, segundo cálculos do PSDB — que, não estando no poder, condenou o pacote. Já o PT — que está no dito poder — foi a favor.
Uma das medidas aprovadas — por iniciativa do mesmo PT — determina que a União pagará os salários dos funcionários que deixarem de servir ao governo para exercer mandatos em sindicatos e outras associações cooperativas. As quais, em geral, e como é legítimo, gastam seu tempo cobrando da mesma União mais atenção aos interesses dos funcionários. Que são, quase sempre, interesses pecuniários.
Hoje, os salários dos funcionários que, como é legítimo, deixam de trabalhar para o Estado para dedicar seu tempo a órgãos sindicais são pagos por essas entidades. O que, para a turma da arquibancada — como você, prezado leitor — parece natural e óbvio.
Pela lei em vigor, a troca da repartição pelo cargo sindical obedece a limitações aparentemente óbvias. Só é permitida a liberação de um servidor público para entidades com até cinco mil associados, dois para aquelas com até 30 mil membros e três para as que têm número superior.
Segundo o pacote aprovado, os números passam para dois, quatro e oito, respectivamente. Não há explicação para esse aumento. Deve-se deduzir que os deputados quiseram simplesmente fazer um agrado a milhares de eleitores. Não é iniciativa inédita: longe disso.
Cidadãos ingênuos talvez esperem que o Senado — que costuma ser mais comedido do que a Câmara no que se refere a agradar ao eleitorado — reduza a bondade do pacote. É possível torcer ou rezar para que isso aconteça. Mas é aconselhável evitar apostas em dinheiro de que isso acontecerá. Senadores também dependem de votos para renovar seus mandatos. E, que se saiba, eles também gostam muito de ser bondosos em relação a largas fatias do eleitorado.
A emenda, deve-se lembrar, foi aprovada pelos deputados em votação simbólica. O eleitorado tem direito a lamentar que um projeto que custará ao país mais de R$ 900 milhões não tornou necessária uma votação nominal. Pelo visto, os deputados não fizeram questão de associar seus nomes ao gasto desse dinheirão.
Como saiu no jornal, a Câmara dos Deputados aprovou um “pacote de bondades” para os funcionários da União. Quem não leu, fique sabendo: o tal pacote vai custar ao país mais de R$ 900 milhões por ano, segundo cálculos do PSDB — que, não estando no poder, condenou o pacote. Já o PT — que está no dito poder — foi a favor.
Uma das medidas aprovadas — por iniciativa do mesmo PT — determina que a União pagará os salários dos funcionários que deixarem de servir ao governo para exercer mandatos em sindicatos e outras associações cooperativas. As quais, em geral, e como é legítimo, gastam seu tempo cobrando da mesma União mais atenção aos interesses dos funcionários. Que são, quase sempre, interesses pecuniários.
Hoje, os salários dos funcionários que, como é legítimo, deixam de trabalhar para o Estado para dedicar seu tempo a órgãos sindicais são pagos por essas entidades. O que, para a turma da arquibancada — como você, prezado leitor — parece natural e óbvio.
Pela lei em vigor, a troca da repartição pelo cargo sindical obedece a limitações aparentemente óbvias. Só é permitida a liberação de um servidor público para entidades com até cinco mil associados, dois para aquelas com até 30 mil membros e três para as que têm número superior.
Segundo o pacote aprovado, os números passam para dois, quatro e oito, respectivamente. Não há explicação para esse aumento. Deve-se deduzir que os deputados quiseram simplesmente fazer um agrado a milhares de eleitores. Não é iniciativa inédita: longe disso.
Cidadãos ingênuos talvez esperem que o Senado — que costuma ser mais comedido do que a Câmara no que se refere a agradar ao eleitorado — reduza a bondade do pacote. É possível torcer ou rezar para que isso aconteça. Mas é aconselhável evitar apostas em dinheiro de que isso acontecerá. Senadores também dependem de votos para renovar seus mandatos. E, que se saiba, eles também gostam muito de ser bondosos em relação a largas fatias do eleitorado.
A emenda, deve-se lembrar, foi aprovada pelos deputados em votação simbólica. O eleitorado tem direito a lamentar que um projeto que custará ao país mais de R$ 900 milhões não tornou necessária uma votação nominal. Pelo visto, os deputados não fizeram questão de associar seus nomes ao gasto desse dinheirão.
24 de maio de 2014
Luiz Garcia, O Globo
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