Mais uma vez, se repetem as cenas de vandalismo, e de aumento da violência, que se seguem à deflagração de greves policiais que ocorrem, com frequência, em diferentes estados da Federação.
E a Força Nacional e as Forças Armadas tem que ser convocadas para reestabelecer a ordem em vários pontos do país. O que aumenta o risco de conflitos, e de que as circunstâncias saíam do controle, com gravíssimas consequências tanto para os grevistas, como para a população.
Ninguém nega que a maioria dos policiais é profissional e bem preparada e que é preciso ganhar uma remuneração digna e estar bem equipado para fazer frente ao crime.
Mas o policial não pode achar que está acima dos cidadãos normais, nem acreditar que tem direito a aumentos de vencimento percentualmente dez, quinze vezes, superiores aos que recebem os brasileiros comuns. Esse é o caso, por exemplo, do pessoal das Forças Armadas, que vive no mesmo país, com os mesmos preços, custo de vida etc.
VIDA SACRIFICADA
A vida do policial é sacrificada, mas ninguém o obrigou a entrar na profissão. Ele não convocado e forçado a exercê-la. Pelo contrário, escolheu-a livremente, porque, quando prestou concurso, achou a situação e o salário atraentes, senão teria se encaminhado para um diferente destino profissional.
Urge achar outras soluções para os problemas de segurança pública – como a descriminalização da droga e a rediscussão da questão do estatuto do desarmamento – que não estejam voltadas apenas para a contratação permanente de sempre mais policiais e mais equipamentos.
Não se pode aceitar, nem imaginar, que a Nação, sequer por hipótese, fique à mercê da pressão de setores minoritários do funcionalismo. Esses setores, como todos os outros, de forma alguma podem colocar em primeiro lugar seus interesses – à frente do atendimento às necessidades dos cidadãos que pagam, com seus impostos, seus salários, e da própria sociedade como um todo.
Mauro Santayana (Jornal do Brasil)
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