Passado o período de trégua gerado pela Copa, o governo e a cúpula da campanha da presidente Dilma estão preocupados com o humor do eleitor em relação ao cenário econômico, que está pior do que o previsto pela equipe presidencial para a fase inicial da eleição.
Na avaliação de assessores, a Copa afastou o clima de "pessimismo" do país, mas um ritmo muito fraco da economia pode trazê-lo de volta e prejudicar a imagem de Dilma durante a campanha. Segundo auxiliares, o temor é que o relato de empresários, de que o país entrou numa fase de estagnação, se materialize exatamente a partir de agora, quando vai começar o debate entre a presidente e seus adversários, o tucano Aécio Neves e o pessebista Eduardo Campos.
O governo chegou a apostar num crescimento de 2% neste ano, mas o Banco Central já estima que ele ficará em 1,6%. Reservadamente, assessores admitem a possibilidade de ficar abaixo deste patamar, perto de 1%. Esta piora no cenário econômico gerou entre assessores do governo e da campanha o debate sobre qual discurso econômico será usado na eleição e se será necessário escolher um porta-voz da presidente na área --assunto ainda indefinido.
Até agora, Dilma não chamou sua equipe para discutir como será a política econômica do segundo governo. No final do ano passado, segundo a Folha apurou, Dilma ouviu de um ministro que, ao manter Guido Mantega no cargo, ela passaria a campanha tendo de explicar quem seria seu novo ministro da Fazenda. Mantega, que se mantém há oito anos no cargo, está desgastado e enfrenta críticas do setor privado.
Preocupado com o empresariado, Lula busca um interlocutor na campanha para dialogar com os setores econômicos. Um dos temores da campanha é que a indicação de Aécio Neves de que Armínio Fraga poderá ser o ministro da Fazenda caso ele se eleja dá ao tucano uma proeminência muito forte.
A ideia é que haja um representante na equipe petista para se contrapor ao ex-presidente do Banco Central de FHC. Dentro da campanha, há quem defenda que o ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa faça este papel. Outro nome cotado seria o do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
INFLAÇÃO
Até o início do ano, a equipe de Dilma acreditava que a inflação seria o ponto mais fraco da candidata petista, mas o recuo gradual nos índices de preços está dando um refresco ao governo. Agora, a preocupação passa a ser o crescimento do país.
Assessores presidenciais acreditam que a defesa econômica do passado será fácil de ser feita, na comparação dos números dos governos petistas e tucano. O problema é o presente e o futuro, num cenário de risco de estagnação econômica com inflação ainda alta.
Reservadamente, um assessor faz a seguinte análise. "O eleitor vai sair da Copa, principalmente se o Brasil ganhar, de bem com a vida. Mas, depois de duas semanas, voltará para realidade. Aí seu ânimo pode ser afetado por uma sensação de economia em queda livre." Um interlocutor da presidente no meio empresarial diz que o governo ainda não percebeu ou não quer admitir que a "economia simplesmente está parando" e, segundo ele, só vai voltar a girar depois das eleições.
Aí, tudo vai depender de quem ganhar a eleição e com qual discurso sobre o futuro. No Planalto, assessores de Dilma confirmam que a tática será a de "omitir'' o discurso sobre o futuro exatamente porque existe uma indefinição sobre como será um segundo mandato Dilma.
Um ministro explica que a posição do governo será a de bater na tecla do presente, de que "os fundamentos do país estão ótimos" entre as principais economias do mundo: PIB, geração de emprego, reservas cambias e superávit.
(Folha de São Paulo)
(Folha de São Paulo)
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