"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de julho de 2014

DEPOIS DA COPA

No momento em que a mais recente pesquisa eleitoral registra uma espécie de hiato futebolístico, com os índices relativamente estabilizados, uma outra aferição mantém a economia como alto risco eleitoral para o governo.

Enquanto a presidente Dilma permanece em patamar de aprovação que confirma a realização de um segundo turno, pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que o consumidor estima uma inflação de 7,5%, acima do teto da meta, maior que a previsão do próprio mercado, que é de 6%.

O dado inflacionário puxa outras percepções que constam das consultas feitas pelos partidos políticos para consumo interno, igualmente negativas para o governo e indicativas do grau de dificuldade da campanha da candidata oficial em criar expectativas que revertam sua estagnação nas pesquisas.

Inserem-se nesse quadro a falta de expectativa de aumento de renda, conjugada ao fim do poder de consumo, a baixa remuneração de empregos, a insatisfação com as políticas públicas nas áreas essenciais de saúde, infraestrutura e segurança, além da sensação de aumento da corrupção.

Os índices de intenção de voto registrados pela presidente Dilma são desfavoráveis no sudeste, que concentra 40% do eleitorado nacional, no qual ela empata com o candidato Aécio Neves, do PSDB, ambos na casa dos 28%. A soma nas outras regiões não autoriza uma votação compensatória.

Na conta global, a pesquisa sugere que a presidente não cai mais por ter atingido seu piso de queda, apesar da superexposição a que foi submetida.

É nesse ponto que reside o otimismo da oposição. Os levantamentos feitos até aqui ainda ocorrem com os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos desconhecidos por parcela expressiva da população, o que certamente será reduzido com a exposição no horário eleitoral gratuito na televisão.

Se é verdade que a oposição ainda não se mostrou competente para capitalizar politicamente o revés do governo, na proporção que ele permite, é igualmente real que o repertório oficial esgotou sua capacidade de produzir novidades.

Nada mais demonstrativo dessa constatação do que o relançamento de programas como o PAC, em versões renumeradas, antes mesmo que as primeiras se tenham completado.

Além disso, com a disputa política orientada pela meta de ampliação de bancadas federais dos partidos, a dissidência na base aliada do governo foi maior do que era permitido estimar com base na disputa por espaço na estrutura de governo, protagonizada por PT e PMDB.

A fragmentação da militância desfavorece o governo nas campanhas estaduais e eleva seu risco eleitoral.

Nada indica que o êxito na organização da Copa, com ou sem vitória da seleção nacional, perdure para afetar essa realidade que a antecede.

 
06 de julho de 2014
João Bosco Rabello

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