Um dos relatórios preparados por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) para embasar a avaliação sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás revela que, além de US$ 1,2 bilhão já pagos, a estatal terá de desembolsar mais US$ 2 bilhões caso decida reformar a unidade dos EUA.
A reforma é necessária para adaptar a refinaria aos planos iniciais de processar no local o óleo pesado extraído no Brasil. A presidente da empresa, Graça Foster, já informou que essa adequação (o chamado “revamp”) não será feita agora, já que o cenário mudou desde que a primeira parte de Pasadena foi adquirida, em 2006.
O cálculo desse custo do investimento a ser feito é baseado em estimativas extraídas de documentos da própria Petrobrás, segundo relatório da Secretaria de Controle Externo de Estatais, do TCU, concluído a 4 de junho. A necessidade de modernização da unidade é conhecida desde quando a primeira parte do negócio foi fechada, há oito anos – após desentendimentos com a sócia Astra Oil, a Petrobrás adquiriu 100% da refinaria.
“JUSTIFICATIVA”
Quando foi comprada, Pasadena só era capaz de refinar óleos leves. Com as melhorias, a estatal pretendia dobrar a capacidade e processar 100 mil barris diários do campo de Marlim, na Bacia de Campos – e, também, agregar valor ao produto brasileiro e vendê-lo a preços melhores.
Nos cálculos da área técnica do TCU, os pagamentos feitos à Astra Oil foram equivalentes ao aporte necessário para as obras. Também era necessário melhorar as instalações para que operassem com mais confiabilidade e para que produzissem gasolina e diesel com baixos teores de enxofre. Mas não houve alteração significativa no status da refinaria.
“A Petrobrás recebeu uma refinaria desatualizada e, sobretudo, sem capacidade de refinar o petróleo de Marlim. Para converter a refinaria, terá que desembolsar, aproximadamente, mais US$ 2 bilhões, considerado o custo de reposição do ativo, incluído, também, o capital de giro adicional necessário”, diz o relatório.
O parecer registra que, como os planos não foram adiante, a companhia terá de pagar, “por estimativa conservadora”, duas vezes para obter o mesmo benefício. Para o TCU, um agravante é que o preço pago em 2006 à Astra Oil foi inflado justamente pela perspectiva futura de produtividade, que não veio a se concretizar.
Cláusulas favoráveis à empresa permitiram que ela saísse do negócio depois, sem fazer nenhum investimento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A Petrobras continua mentindo sobre Pasadena. Não há nem nunca houve projeto de refinar óleo pesado de Marlim em Pasadena. Seria economicamente inviável. Custa mais caro de processar do que o óleo leve que abunda nos Estados Unidos e no México.
E o óleo de Marlim teria de viajar (embarcado) cerca de 15 mil quilômetros, encarecendo ainda mais o processo.
O importante é que a reportagem revela que, ao contrário do que diz a Petrobras, Pasadena não refina 100 mil barris por dia, conforme já denunciamos diversas vezes aqui. A capacidade real da unidade é o segredo mais bem guardado da Petrobras. (C.N.)
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