"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de julho de 2014

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Há duas semanas, três jovens israelenses foram sequestrados quando saíam de suas escolas. Gilad Shaar e Naftali Frenkel, ambos com 16 anos, e Eyal Ifrach, com 19, podem ser caracterizados por terem cometido dois “crimes”: são israelenses e judeus, e pretendiam pegar uma carona para seus respectivos lares. Israel acusa a organização terrorista palestina Hamas de ser a autora do sequestro. Em 30 de junho, segunda-feira passada, os corpos dos três jovens foram encontrados pelas forças de busca de Israel. Eles foram cruelmente e covardemente assassinados pelo terrorismo palestino.

Existem “regras do jogo” no confronto entre Estados, povos e diferentes opiniões, assim como também no cruel “jogo” do terrorismo: as crianças, os jovens e as mulheres devem estar fora desses conflitos. Somente atacamos quando somos agredidos, pelo direito de defesa. Ou esse direito vigora para todos os povos e nações, exceto para o Estado de Israel? O terrorismo palestino e as demais visões terroristas e extremas infringem e ignoram todas as “linhas vermelhas”, e exigem que o lado israelense respeite todos os limites. Assim foi no princípio dos anos 2000, quando o terrorismo palestino explodia ônibus, cinemas, restaurantes, centros comerciais no coração de Israel (não em “territórios ocupados”), e hoje é assim na Líbia, no Iraque, na Síria e no Líbano. Não há lei, nem juiz, tudo é permitido. Mas a comunidade internacional parece ter dois pesos, duas medidas.

À luz da complexa história do povo judeu e da sua nefasta experiência ao longo dos últimos dois milênios de diáspora, com perseguição e sofrimento, acredito que preferimos viver numa geração e numa realidade na qual permanecemos vivos, ainda que injustamente condenados segundo esse princípio de dois pesos e duas medidas, e não mortos e lamentados.

O Hamas, reconhecido como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Japão e também pelo Egito, tem uma longa história de ataques terroristas, cujos alvos são civis israelenses. Seu fundamento é uma ideologia religiosa extremista, que não reconhece o direito de existência de Israel e preconiza a “luta armada” (eufemismo para os atos terroristas) como o único meio de resolver o conflito entre palestinos e israelenses. Seus membros celebram com orgulho os atos terroristas suicidas, os numerosos ataques de mísseis ao sul de Israel (e não nos territórios “ocupados”) e outras tantas iniciativas terroristas na região e fora dela, que possuem um denominador comum: alvos civis. Ações condenáveis e moralmente deploráveis, que fizeram mais de mil vítimas inocentes israelenses, ameaçam a estabilidade regional, prejudicam as chances de paz no Oriente Médio e afastam os palestinos de seus objetivos centrais, como a constituição de um Estado palestino independente, apoiado pela Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas, e aceito pelo governo israelense.

Foi com o Hamas que o presidente da Autoridade Palestina decidiu, há algumas semanas, renovar as relações (os dois organismos estavam afastados e tiveram confrontos armados nos últimos anos) e constituir um governo de unidade nacional. Abbas deve escolher entre a paz e o Hamas, entre o terrorismo e a violência – como o sequestro e assassinato dos nossos jovens –, e o convívio entre o Estado judeu, Israel, e o futuro Estado palestino. Estas duas opções são contraditórias. O governo AP-Hamas deve se dissolver se os palestinos anseiam, assim como nós, pela paz, pelo progresso e pelo bem-estar do seu povo e da região.

Abbas tem de escolher, agora. Esperamos que ele, e os palestinos, façam a escolha correta.


06 de julho de 2014
Yoel Barnea, Gazeta do Povo, PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário