"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de julho de 2014

A FOTOGRAFIA

BRASÍLIA - A corrida eleitoral chega neste domingo a uma nova etapa, com a abertura oficial da campanha que começou há vários meses, e a tessitura do quadro já permite algumas considerações.

No campo governista, o resultado da mais recente pesquisa do Datafolha, indicando o estancamento da queda de Dilma, está naturalmente sendo alardeado como um ponto de virada. Meia verdade.

O "feel good factor", como os britânicos apelidam o bom humor da nação, é evidente pela Copa brilhante nos estádios e sem hecatombes fora deles. Se isso será afetado por uma eliminação do Brasil, hoje ou depois, é pouco mensurável agora.

Num regime centralista como o brasileiro, quem está no topo é beneficiado nessa hora --ou prejudicado, como ocorreu em 2013. A exposição pela inauguração até de cartas de intenção também ajudou Dilma no período aferido pela pesquisa.

A má notícia para o governo é que todos se favoreceram por esse bom humor, opositores inclusos. Aos poucos, os indecisos vão aninhando-se, e o segundo turno soa inevitável.

O desafio para os oposicionistas é atrair os neutros e ganhar corações hoje dilmistas. Campanha negativa é uma coisa problemática, mas o fato é que os indicadores econômicos estão numa deterioração escamoteada pelo oba-oba da Copa.

Do lado propositivo, a coisa piora para a oposição. Aécio parece mais preocupado em mostrar-se um garantidor de direitos adquiridos, mas isso não ganha eleição. E a dupla Campos-Marina não logrou dar forma ao tal "novo" que sugerem.

Há mais. Aécio hoje é o adversário principal de Dilma, mas ainda há espaço para o crescimento de Campos. O temor real dos tucanos, contudo, é um Campos muito fraco, que acabe como linha auxiliar do PT.

A fotografia deste momento sorri para Dilma, mas é apenas isso: um registro instantâneo. O jogo está apenas no começo, e será duro.

 
06 de julho de 2014
Igor Gielow, Folha de SP

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