A coordenação da campanha da presidente Dilma Rousseff excluiu do programa de governo da sua candidatura à reeleição bandeiras tradicionais do PT, como a democratização da mídia e a adoção do financiamento público de campanhas políticas. Por outro lado, o texto promete a adoção de medidas de "aprofundamento da democracia", que irão se somar à polêmica decisão do Planalto de vincular decisões de órgãos do governo federal à opinião de conselhos populares.
A primeira versão do programa de Dilma, à qual a Folha teve acesso, ainda será analisada pela presidente e pode passar por modificações antes de ser entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até o fim da semana, quando ela registrar sua candidatura.
O documento em que o PT apresentou suas diretrizes para o programa de Dilma, aprovado em maio pela cúpula do partido, incluía o "compromisso" de discutir a democratização dos meios de comunicação em um eventual segundo mandato. Na versão do programa concluída na segunda-feira (30), o compromisso foi eliminado.
No texto aprovado há dois meses, os petistas sugeriam que, num segundo mandato, o governo discutisse ações para impedir "práticas monopolistas" da mídia, "sem que isso implique qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdo". O trecho também foi cortado. Segundo relato de participantes da reunião de segunda, apesar de defendido pelos petistas, o tema não é consenso entre os demais partidos que compõem a coligação e, por isso, não foi incorporado.
Ministros de Dilma como o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, defenderam a retirada do trecho. O tema divide opiniões na campanha. O presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins defendem o ataque aos monopólios da mídia.
Os auxiliares da presidente também retiraram do documento pontos da reforma política que têm respaldo do PT, como o financiamento público de campanhas e a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para aprovar a reforma política. "A proposta que a presidente Dilma e o PT submetem à sociedade é que seja convocado um plebiscito. A população teria a oportunidade, então, de se manifestar sobre os pontos considerados fundamentais para transformar e recuperar a credibilidade do sistema político brasileiro", afirma o documento.
A campanha eliminou trecho que tratava de voto em listas partidárias, aumento da participação feminina na política e o fim de coligações para as eleições proporcionais.
O plebiscito foi proposto por Dilma em resposta às manifestações de junho do ano passado. Ela chegou a propor a criação de uma Assembleia Constituinte para a reforma política, mas depois recuou. O programa de governo também não faz menção à revisão da Lei de Anistia, citada no documento de maio.
Em uma sinalização na mão inversa, a versão acordada pela equipe de campanha defende que a participação popular na avaliação de decisões de governo deve ser transformada em uma "cultura de gestão'', a ser mantida pelos governos futuros, no espírito do polêmico decreto sobre conselhos populares baixado por Dilma em junho.
(Folha de São Paulo)
06 de julho de 2014
in coroneLeaks
(Folha de São Paulo)
06 de julho de 2014
in coroneLeaks
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