Existem algumas leis universais que, paradoxalmente, de tão óbvias as pessoas tendem a ignorá-las. Talvez seja uma teimosia natural do ser humano: precisamos nos queimar para aprender que o fogo arde. Talvez seja um comportamento aprendido, uma espécie de espírito aventureiro: e se eu for o primeiro a conseguir? E se eu por a mão no fogo e não me queimar?
Pode ser que seja somente curiosidade.
Tudo que sobe, desce. Por mais que queiramos, insistamos, tenhamos fé, uma hora vai descer. Aquela ação que você comprou quando estava no preço recorde e depois a viu despencar. Ou aquela outra que subiu, subiu, subiu e, quando começou a cair, você pensou: “vai voltar a subir” e ela desabou lhe trazendo um prejuízo.
Frequentemente gastamos muito do nosso tempo com problemas sem solução, e, enquanto isso, os problemas solucionáveis são deixados de lado. Na ânsia violenta de querer mais, acabamos por apostar tudo e ficarmos sem nada. Um all in com um par de quatros. O dobro ou nada. Tudo ou nada. Nada.
Tudo é passageiro, menos o cobrador e o motorista. A piada é sem graça, mas a moral da história é irrefutável: Bom ou mal, triste ou feliz, o momento vivido vai passar. E o próximo também.
Mas existe uma lei universal, em particular, que me deixa intrigado: o macro é um reflexo do micro. Isso é sabido. É inegável. Mas as pessoas tendem a insistir no oposto. Administradores, economistas, políticos e eleitores: todos insistem no contrário. Todos apostam suas fichas nas mudanças macro.
Um gama de variáveis macroeconômicas que se manipuladas trarão a prosperidade; o resultado de uma pesquisa do IPEA que mostra o quanto o brasileiro é machista; o péssimo balanço da Petrobras, como se o balanço tivesse vida própria; o desastroso quadro político do país a véspera de uma eleição; o Fred com a 9. O Fred. Ou o Jô. O Jô!
Todos esses dados macros são interpretados como sentenças finais: as coisas são assim e pronto!Quando, na verdade, esses macros nada mais são do que reflexos do micro: os agregados macroeconômicos só nos mostram como anda difícil a situação econômica no micro, na relação dos agentes econômicos entre si. A pesquisa do IPEA não só nos mostra como é impossível medir a opinião de todos os brasileiros, mas nos mostra que o uso de rótulos, além de desnecessários, é burrice.
O balanço de uma empresa nos mostra que os problemas estão nas ações do dia-a-dia, nas entrelinhas, nas pequenas linhas de um contrato. O lamentável cenário político atual nada mais é do que o reflexo das opiniões e/ou ações no micro: o comportamento dos eleitores. O Fred ou Jô com a nove só nos mostra a escassez de bons centroavantes no futebol brasileiro, que passa pelas categorias de bases e vai até os jogadores “tipo exportação”.
A lei universal de que o macro é um reflexo do micro é isto: o mundo acontece no dia-a-dia, nas pequenas ações, no bom dia, no muito obrigado. Na honestidade em respeitar a fila. No voto consciente ou no não-votar. Em cobrar aqueles que devem ser cobrados e corresponder às cobranças que receber. É impossível desobedecer a essas leis e não pagar o preço. É como jogar pra cima e querer que não caia. É como bater cabeça em um problema sem solução. É como querer que o momento fosse eterno. É como reclamar do Fred e no banco ter o Jô.
06 de julho de 2014
Dudu Franco é Formado em Marketing, Acadêmico de Administração, pós-graduando em Finanças e Mercado de Capitais pela UNIJUI e Especialista do Instituto Liberal.
Dudu Franco é Formado em Marketing, Acadêmico de Administração, pós-graduando em Finanças e Mercado de Capitais pela UNIJUI e Especialista do Instituto Liberal.
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