"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

OBAMA, PUTIN E A QUEDA DO AVIÃO MALAIO





A queda da aeronave da Malaysia Airlines, que levava 290 pessoas, nas imediações de Krasni Luch, perto de Shaktarsk, em território ucraniano, próximo da fronteira com a Rússia, ocorre em um momento em que – coincidentemente? – boa parte da opinião pública mundial ainda tem a sua atenção voltada para a tragédia do misterioso desaparecimento, sem deixar pistas, de um avião do mesmo modelo, e da mesma companhia, sobre o Oceano Índico, em 8 de março deste ano, com 223 passageiros, entre eles, 150 cidadãos chineses, a bordo.

Segundo agências de notícias ocidentais, o acidente ocorreu em território controlado por separatistas de etnia russa, que foram imediatamente acusados, pelo governo ucraniano, de terem derrubado o avião, usando mísseis terra-ar.

Em conversa telefônica, anteriormente agendada, com o Presidente Obama, dos EUA, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou peremptoriamente essa possibilidade, também desmentida pelo líder dos separatistas do Leste da Ucrânia, Alexander Borodai.

Como o avião se encontrava há dez mil metros de altura, ele só poderia ser abatido, teoricamente, por mísseis de uma bateria antiaérea, e não pelos projéteis portáteis usados, normalmente, pelos combatentes independentistas da região, que têm entre 3 e 4 mil metros de alcance.

VERSÕES ESTRANHAS

Afastada a hipótese da explosão de uma bomba a bordo, e em caso de confirmação de que a queda do avião malaio – que contava com 15 cidadãos norte-americanos entre seus passageiros – foi provocada pelo disparo de um míssil, é preciso desconfiar das versões apressadamente apresentadas pelas autoridades do atual governo ucraniano.

É estranho que o incidente aconteça justamente depois da recente derrubada de um avião militar da Ucrânia, por rebeldes separatistas, e quando os Estados Unidos estão anunciando novas sanções contra a Rússia.

E isso, em um momento em que o Presidente Vladimir Putin acaba de colher importantes vitórias diplomáticas, junto com o seu colega chinês, Xi Jinping, em périplo pela América Latina, no contexto da Cúpula dos BRICS de Fortaleza, e do lançamento do Novo Banco de Desenvolvimento e do Fundo de Reservas do grupo.

INVESTIGAÇÕES

Considerando-se a permeabilidade da vasta fronteira que separa a Rússia e a Ucrânia,  e os estreitos contatos na área de defesa – incluindo a fabricação de armamentos – que existiam entre os dois países, desde os tempos da antiga União Soviética, seria fácil, para qualquer uma das partes em confronto, derrubar uma aeronave usando  um  foguete ar-ar de origem russa disparado de outro avião, hipótese que está sendo investigada, com base em informações de satélites, tanto por Washington como Moscou neste momento.

É preciso não esquecer que, quando da queda de Yanukovich, teoricamente precipitada por disparos feitos por policiais contra manifestantes da Praça Maidan, correu a versão, ainda não totalmente desmentida, ou devidamente esclarecida, de que os tiros teriam partido, na verdade, de franco-atiradores ligados a facções da extrema-direita neonazista ucraniana, com a intenção de jogar a opinião pública contra o governo que estava no poder em Kiev até fevereiro deste ano.

25 de julho de 2014
Mauro Santayana
Jornal do Brasil

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