A ordem, porém, é manter o sangue frio. Internamente, técnicos da equipe econômica municiam o Palácio do Planalto de indicadores quase diários e garantem que, mesmo que a retração da atividade entre abril e junho se confirme, a sensação de bem estar entre o eleitorado estará quase intocada.
Na avaliação da equipe econômica, o importante é que o desemprego se mantenha estável até outubro, o que deve acontecer, mesmo que o setor de serviços demita parte dos trabalhadores temporários contratados para a Copa do Mundo.
Para complementar, ressaltam os técnicos, a inflação já está dando alívio no orçamento das famílias, devido ao recuo dos preços dos alimentos. Esse movimento favorecerá, sobretudo, a população mais pobre, que tende a destinar mais votos à candidata petista.
“Sinceramente, a oposição não contava com a queda dos preços dos alimentos. Isso já esvazia um pouco o discurso daqueles que queriam colar na presidente Dilma a pecha de que ela foi leniente com a inflação, colocando em riscos as conquistas obtidas no governo Lula”, diz um integrante da campanha à reeleição.
“Agora, temos o discurso de que a inflação está abrandando porque o governo agiu. Não se pode esquecer de que o Banco Central elevou os juros de 7,25% para 11% ao ano, ciente de que esse aperto reduziria a atividade econômica”, acrescenta.
INFLAÇÃO
O governo vai insistir no discurso de que não tolera inflação. E que continuará tomando as medidas necessárias para proteger o bolso dos consumidores.
“Tudo está mostrando que não há descontrole inflacionário, que, mais uma vez, os pessimistas erraram”, reforça um assessor do Planalto. Ele conta que, no entorno da presidente Dilma, foi bem recebida a decisão do BC de manter, ontem, a taxa básica de juros (Selic) em 11% ano.
“Era pedra cantada. Mas confirma o quão prudente está sendo o Banco Central. Não há por que forçar a mão nos juros e impor custos extras ao país. A inflação está caindo, vai continuar caindo, sem que seja necessário elevar mais a Selic”, ressalta.
Vicente Nunes
Correio Braziliense
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