Depois que o Brasil tomou 7 a 1 da Alemanha, começou, de novo, o “clamor” por mudanças na estrutura arcaica do futebol brasileiro. A imprensa pôs o tema nas manchetes e um monte de gente passou a ser ouvida a respeito: torcedores, dirigentes, jogadores, políticos, sociólogos e por aí vai.
Estamos em ano eleitoral e entre inocentes, demagogos, oportunistas e hipócritas tem saído todo tipo de opinião. Mas poucos têm falado a realidade: teremos uma troca de cadeiras no comando da seleção, mas nas estruturas do futebol nacional não vai mudar nada.
Um simples exemplo está numa nota curta da coluna do Elio Gaspari no domingo, sob o título “O padrão CBF”. Diz o bem informado jornalista: “Ao sair da CBF, Ricardo Teixeira deixou um jatão de 18 lugares e um helicóptero Agusta de 15, que custou US$ 14 milhões. Nos últimos anos, o Agusta foi usado como táxi pelos presidentes José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, que moram em São Paulo, para seus deslocamentos até o Rio de Janeiro, pousando perto da CBF. Esse é o padrão de maganos que vivem como milionários com os recursos alheios.”
Quanto custa um aparelho desses e a sua manutenção?
Os mesmos. Teixeira só saiu do cargo de presidente da CBF, mas é consultor da entidade, ganhando mais de R$ 100 mil mensais, mesmo morando nos Estados Unidos. Seus sucessores têm currículos e comportamentos semelhantes. Que ninguém espere nada de diferente. Os clubes, que deveriam ser os maiores interessados em mudar, são coniventes, em função de conveniências pessoais ou políticas de seus dirigentes.
Perda de tempo. E tome demagogia e mentiras quando se envolve o governo e a política partidária nisso. Essa turma só usa o futebol para angariar votos. Peguemos da ditadura militar para cá: qual presidente nomeou um ministro que fosse do ramo e que se preocupou em dar um rumo sério ao nosso futebol? Rigorosamente, nenhum! Nessa disputa entre tucanos e petistas, difícil apontar quem foi pior nesta área.
Legitimidade. Quem deveria mandar no futebol são os clubes, que formam e pagam os jogadores. Quase todos falidos e a CBF riquíssima, que se dá ao luxo de ter aeronaves de chefes de Estado. Quantos jogadores a CBF possui ou forma nas categorias de base? Vivemos esse absurdo em nosso futebol desde que o profissionalismo foi instituído no país, há quase cem anos.
Omissos e desunidos. Como os clubes não se entendem e não assumem a missão que seria deles, abrem brechas para movimentos como este “Bom Senso F. Clube”, que também não vai levar a lugar nenhum. Tradicionalmente, os jogadores de futebol do Brasil são tão ruins de serviço que não conseguiram se organizar nem em sindicatos, o que seria o caminho natural, como ocorre nos países evoluídos.
Chico Maia
O Tempo
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