A primeira rodada da série de pesquisas a serem realizadas pelo Datafolha em articulação com a Rede Globo, objeto de reportagem de Ricardo Mendonça publicada na Folha de São Paulo, vem acentuar a necessidade de a presidente Dilma Rousseff rever suas alianças estaduais a partir de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, representando vinte por cento dos votos.
Em primeiro lugar ficou nítida uma tendência para a realização de segundo turno entre ela e Aécio Neves, portanto uma diferença de 44 a 40 pontos, o que acentua um estreitamento que acrescenta emoção à campanha.
Estreitamento porque, no primeiro turno, o Datafolha destaca 36% para a atual presidente contra 20 pontos atribuídos ao senador Aécio Neves e apenas 8 para Eduardo Campos. Uma diferença de 16 degraus da primeira para a segunda colocação. Essa diferença, na simulação de tendências, cai para somente 4 pontos.
Logo, enquanto ela avança oito escalas, passando de 36 para 44, Aécio Nevers salta de 20 para 40%. Exatamente o dobro. Substituído Aécio por Eduardo Campos, Dilma registra 45 sobre 38. Como o ex-governador de Pernambuco está muito mais fraco que Aécio (perde de 20 a 8), proporcionalmente sobe mais do que ele.
OPOSIÇÃO UNIDA
O que significa tal processo? Um impulso bastante sensível de as oposições se unirem na hipótese de uma segunda convocação às urnas. Este, portanto, é um fato que deve constituir em preocupação para a presidente no quadro geral. Da mesma forma que reduzir o nível do desemprego no plano social, pois o Datafolha destacou, de forma indireta, ser esta, como é natural, a maior preocupação dos eleitores.
Além desses aspectos, existe um outro, envolvendo a necessidade de uma revisão das bases estaduais, a partir de São Paulo. Porque em São Paulo, enquanto Geraldo Alckmim alcança 54% das intenções de voto e começou a transferir prestígio para Aécio Neves, Alexandre Padilha, candidato do PT, registra somente 4 pontos e apresenta uma rejeição de 26 contra si. No meio, Paulo Skaf (PMDB) assinala 16 pontos a favor de sua candidatura.
Assim, Alexandre Padilha revelou-se basicamente inviável, devendo partir dele inclusive a iniciativa de retirar-se da disputa para facilitar a recomposição de Dilma no estado. Sua presença nas urnas impede o crescimento da candidatura presidencial exatamente onde se torna mais importante.
TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
É preciso levar em conta que São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, somados, significam praticamente a metade do eleitorado brasileiro. Assim, a dificuldade paulista torna-se ameaça à campanha de qualquer candidatura.
Portanto, as articulações regionais são extremamente importantes, sobretudo em função da proximidade entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, os candidatos que ocupam as posições mais fortes.
Vejam só os leitores como são as coisas: embora possa vencer no primeiro turno, a presidente da República vê reduzir-se a margem de sua vantagem se houver seguindo turno. Um dado que precisa ser considerado para o conteúdo, o rumo e o ritmo de sua campanha. Sobretudo porque as engrenagens do poder estão em suas mãos, não nas mãos de Aécio Neves.
21 de julho de 2014
Pedro do Coutto
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