Esta semana a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de urgência para a votação do decreto legislativo que, se votado favoravelmente, anula o decreto executivo responsável pela ampliação de consultas populares para as principais iniciativas do próprio governo. Nos últimos dois meses criou-se desimportante conflito. De um lado, deputados e senadores reivindicando que apenas o Legislativo deve dispor do poder de aprovar atos do Executivo. De outro lado, Dilma e seus ministros, sustentando que ampliar decisões com a participação popular só faz bem à democracia.
O diabo é saber quem vai designar e regulamentar os tais conselhos populares capazes de apoiar ou reprovar atos oficiais. É o próprio governo, capaz de escolher entre seus simpatizantes aqueles que julgarão suas decisões. Alguma coisa como um jogo de cartas marcadas.
A questão é que a Câmara não sabe quando votará o projeto legislativo já beneficiado com o pedido de urgência para votação. Pode ser em agosto, pode ser depois, tendo em vista que até as eleições de outubro o Congresso trabalhará muito pouco.
Sob o rótulo de esforço concentrado, também chamado de recesso remunerado, os deputados passarão a maior parte do tempo em seus estados, cuidado das próprias reeleições e da eleição de seus caciques. Vale o mesmo para os senadores, ou seja, a revogação do decreto executivo criando facilidades para o governo não tem data para acontecer. Continuará valendo.
Sob o rótulo de esforço concentrado, também chamado de recesso remunerado, os deputados passarão a maior parte do tempo em seus estados, cuidado das próprias reeleições e da eleição de seus caciques. Vale o mesmo para os senadores, ou seja, a revogação do decreto executivo criando facilidades para o governo não tem data para acontecer. Continuará valendo.
Enquanto isso os candidatos à presidência da República ensaiam os primeiros passos de suas campanhas, valendo o mesmo para os candidatos a governador e aos Legislativos federal e estaduais.
Até agora, nada sensibilizou o eleitorado para as decisões a ser tomadas em outubro. Nem decretos executivos nem campanhas, muito menos programas, planos e promessas de realizações.
Parece imensa a distância entre o Brasil formal, dos debates parlamentares e das ações de governo, e o Brasil real, que dá de ombros diante de movimentações que não lhe dizem respeito. No máximo, algumas minorias insatisfeitas vão para a rua, fecham o trânsito, queimam pneus e até depredam patrimônio público e privado, mas também sem maiores reflexos na vida nacional.
Parece imensa a distância entre o Brasil formal, dos debates parlamentares e das ações de governo, e o Brasil real, que dá de ombros diante de movimentações que não lhe dizem respeito. No máximo, algumas minorias insatisfeitas vão para a rua, fecham o trânsito, queimam pneus e até depredam patrimônio público e privado, mas também sem maiores reflexos na vida nacional.
É dessa apatia que tanto governo quanto políticos e parlamentares deveriam estar cuidando. Porque se durante a ditadura militar o povão ficou anos sem reagir, só se insurgindo no seu final desgastante, agora a situação mudou. A opinião pública, da mais simples à mais sofisticada, cruzou os braços e rejeita as estruturas políticas que deveriam estar dirigindo o processo.
DONA MARIQUINHAS E DONA MARICOTA
As duas velhinhas lá do subúrbio, viúvas e com os filhos criados, passam o dia se vigiando e empenhadas em tertúlias a respeito de que goiabeira é mais florida e dará melhores frutos, ou sobre que quintal está mais bem cuidado. São vistas no quarteirão como senhoras que devem ser respeitadas pela idade, mas sem qualquer importância para a vida da comunidade.
Assim parecem os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula. Não se passa uma semana sem que deixem de agredir-se, comparando suas goiabeiras e seus jardins. Artigos, entrevistas e comentários sucedem-se de uma para outra velhinha, mas, convenhamos, apenas para que passe o tempo das duas. A vida sabe ser cruel.
23 de julho de 2014
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