Os juros não subiram e nem devem subir até o fim do ano. O principal motivo, segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, é o enfraquecimento cada vez maior da economia. Uma das razões da redução da atividade é a decisão de empresas de interromperem a produção para vender energia no mercado livre. Outro é o estoque alto de automóveis.
AMB Associados, de José Roberto, já derrubou a previsão de crescimento do ano para 0,9% e deve fazer nova redução para 0,5%, dependendo dos próximos indicadores. Essa revisão para baixo das estimativas do PIB está sendo feita pelos departamentos econômicos dos bancos e pelas consultorias. O centro do problema está na indústria.
— Com a crise no setor de energia, inúmeras empresas de vários setores, como cimento, metais, química, ferro liga, estão suspendendo produção para vender no mercado livre, onde os preços estão muito elevados. É um bom negócio vender a energia em vez de produzir. Isso tem sido razão adicional para a queda de bens intermediários — diz Mendonça de Barros.
Outro fator que puxa a indústria para baixo é o enorme estoque de automóveis e a distância entre demanda e capacidade de produção.
— O programa Inovar-Auto criou uma barreira altíssima ao produto estrangeiro e um incentivo a produzir aqui dentro. As empresas vieram instalar fábricas no Brasil. Aumentou-se a capacidade de oferta exatamente quando estava começando a cair a demanda por carros. O setor vai demorar bastante a se equilibrar — explica o economista.
José Roberto acha que haverá um fator adicional de preocupação no segundo semestre, que é a aceleração do fechamento de postos de trabalho na indústria. As empresas, primeiro, dão férias coletivas, depois, fazem demissão incentivada, e, no fim, demitem. Ele acha que já estão caminhando para a terceira etapa.
A produção de manufaturados enfrenta também a crise da Argentina, que está comprando cada vez menos do Brasil. A Associação do Comércio Exterior (AEB), que estava prevendo um superávit comercial deste ano em US$ 7 bilhões, reduziu para pouco mais de US$ 600 milhões. E o pior é que pela primeira vez em muito tempo os cálculos são de queda da corrente de comércio.
Num quadro de esfriamento da economia, não faz sentido elevar a taxa de juros. É o que o Banco Central dirá para justificar a manutenção da taxa, apesar de a inflação ter acabado de estourar o teto da meta. Quando sair o IPCA de julho, a distância em relação ao máximo permitido aumentará.
O Banco Central vai dizer também que é preciso esperar o efeito do longo ciclo de elevação de taxas de juros e os primeiros sinais de queda da inflação de alimentos. De fato, os preços de vários alimentos tendem a cair e isso já acontece no atacado. José Roberto explica a razão:
— Está sendo colhida uma vasta safra americana e isso tem derrubado os preços de milho, soja, trigo. A cotação do milho, de março até agora, caiu 20%. Essa redução diminui também os preços das carnes. Em parte é efeito do El Niño, que permite boas safras nas Américas, apesar de poder provocar seca na área de monções da Ásia. Por enquanto, o que se sente é apenas o efeito positivo do aumento da produção de alimentos.
Mesmo com essa queda do item alimentação no IPCA, a MB Associados acha que a inflação terminará o ano em 6,7% por causa da alta dos preços da energia. Outros economistas acham que pode ficar abaixo de 6,5%, mas ainda elevada. Apesar da inflação acima do teto, o esfriamento do PIB será o motivo da manutenção da taxa de juros. Com a eleição, o Banco Central não quer correr riscos de derrubar ainda mais a atividade.
AMB Associados, de José Roberto, já derrubou a previsão de crescimento do ano para 0,9% e deve fazer nova redução para 0,5%, dependendo dos próximos indicadores. Essa revisão para baixo das estimativas do PIB está sendo feita pelos departamentos econômicos dos bancos e pelas consultorias. O centro do problema está na indústria.
— Com a crise no setor de energia, inúmeras empresas de vários setores, como cimento, metais, química, ferro liga, estão suspendendo produção para vender no mercado livre, onde os preços estão muito elevados. É um bom negócio vender a energia em vez de produzir. Isso tem sido razão adicional para a queda de bens intermediários — diz Mendonça de Barros.
Outro fator que puxa a indústria para baixo é o enorme estoque de automóveis e a distância entre demanda e capacidade de produção.
— O programa Inovar-Auto criou uma barreira altíssima ao produto estrangeiro e um incentivo a produzir aqui dentro. As empresas vieram instalar fábricas no Brasil. Aumentou-se a capacidade de oferta exatamente quando estava começando a cair a demanda por carros. O setor vai demorar bastante a se equilibrar — explica o economista.
José Roberto acha que haverá um fator adicional de preocupação no segundo semestre, que é a aceleração do fechamento de postos de trabalho na indústria. As empresas, primeiro, dão férias coletivas, depois, fazem demissão incentivada, e, no fim, demitem. Ele acha que já estão caminhando para a terceira etapa.
A produção de manufaturados enfrenta também a crise da Argentina, que está comprando cada vez menos do Brasil. A Associação do Comércio Exterior (AEB), que estava prevendo um superávit comercial deste ano em US$ 7 bilhões, reduziu para pouco mais de US$ 600 milhões. E o pior é que pela primeira vez em muito tempo os cálculos são de queda da corrente de comércio.
Num quadro de esfriamento da economia, não faz sentido elevar a taxa de juros. É o que o Banco Central dirá para justificar a manutenção da taxa, apesar de a inflação ter acabado de estourar o teto da meta. Quando sair o IPCA de julho, a distância em relação ao máximo permitido aumentará.
O Banco Central vai dizer também que é preciso esperar o efeito do longo ciclo de elevação de taxas de juros e os primeiros sinais de queda da inflação de alimentos. De fato, os preços de vários alimentos tendem a cair e isso já acontece no atacado. José Roberto explica a razão:
— Está sendo colhida uma vasta safra americana e isso tem derrubado os preços de milho, soja, trigo. A cotação do milho, de março até agora, caiu 20%. Essa redução diminui também os preços das carnes. Em parte é efeito do El Niño, que permite boas safras nas Américas, apesar de poder provocar seca na área de monções da Ásia. Por enquanto, o que se sente é apenas o efeito positivo do aumento da produção de alimentos.
Mesmo com essa queda do item alimentação no IPCA, a MB Associados acha que a inflação terminará o ano em 6,7% por causa da alta dos preços da energia. Outros economistas acham que pode ficar abaixo de 6,5%, mas ainda elevada. Apesar da inflação acima do teto, o esfriamento do PIB será o motivo da manutenção da taxa de juros. Com a eleição, o Banco Central não quer correr riscos de derrubar ainda mais a atividade.
23 de julho de 2014
Miriam Leitão, O Globo
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