O eleitorado já fez a parte que lhe cabe nessa altura: posicionou-se quanto ao que espera de quem venha a comandar o país nos próximos quatro anos, dizendo que deseja mudanças; um Brasil melhor, portanto.
Emprego, renda, devolução dos impostos na forma de bons serviços, oportunidades, representação política com um mínimo de qualidade, estabilidade nos preços, segurança e a elevação do grau de maturidade no diálogo entre Estado e sociedade.
Os candidatos a presidente da República, contudo, ainda estão devendo uma resposta à altura desses anseios. E que não peçam para cada cidadão ler atentamente os programas de governo registrados na Justiça Eleitoral.
A conquista da emoção e da razão do público se dá no ambiente da interlocução que consigam construir mostrando que estão identificados com os desejos e sabem exatamente como realizá-los. De preferência, pensando em algo que ainda não tenha ocorrido ao eleitor, mas que uma vez dito desperte o inconsciente coletivo.
Isso quer dizer ir além do óbvio, fazer a diferença e ousar com vontade de acertar. Hoje os principais concorrentes parecem todos na defensiva, com muito mais medo de errar.
O governo tentando se equilibrar na sua zona de conforto das realizações passadas e promessas vagas de “fazer mais” e a oposição igualmente genérica, não raro demagógica e temerosa de se confrontar com programas governamentais de resultado inócuo.
Um exemplo? Aécio Neves prometendo reformular o programa Mais Médicos. Segundo ele, vai rever as regras de contratação com o governo cubano. Conversa de mineiro, pois sabe perfeitamente bem que a questão da saúde pública não se resolve com a importação de profissionais.
Podemos citar também a proposta do candidato Eduardo Campos sobre o passe livre para estudantes do transporte público. Isso lá é assunto para pretendente à Presidência de uma República complexa como a do Brasil?
A ideia aí é atrair a juventude. Sacada boa, porém óbvia demais e pequena ante a intenção de quem se propõe a dar um choque de renovação na política.
Esse poderia ser um bom tema para todos eles. Mas nenhum deles se atreve (no sentido original do termo, clarear as trevas) a propor algo de realmente inovador: a mudança do modelo das relações entre Executivo e Legislativo.
Eduardo Campos, em tese, propõe. Na prática, faz todo tipo de aliança na eleição e diz que isso é tática para tentar se eleger. Por que não seria para, se eleito, governar? Sobre a reforma política, nenhum dos três sai do lugar.
Dilma quer plebiscito e financiamento público, ambas as sugestões inexequíveis; Aécio defende um voto distrital que sozinho não faz verão; Campos fala sobre o misto de financiamento público e privado junto com lista fechada e limitação de mandatos legislativos.
O eleitor só fica olhando enquanto nenhum deles dá uma palavra sobre voto obrigatório ou facultativo, porque não lhes interessa a quebra dessa reserva de mercado.
Carochinha. Uma graça a justificativa de suas excelências para a suspensão dos trabalhos legislativos até as eleições: livrar o contribuinte do risco da aprovação de propostas demagógicas que resultem em aumento de gastos públicos.
Quanto a obrigar o contribuinte a pagar-lhes os salários enquanto cuidam das respectivas vidas políticas no lugar de exercer o mandato, os congressistas já não têm restrições.
Ademais, se a preocupação com o populismo é assim tão séria, bastaria que os líderes partidários usassem o mesmo poder que tiveram de suspender as sessões deliberativas para derrubar por votação simbólica as tais propostas demagógicas.
Vitamina. Quanto mais se noticia o afastamento entre a presidente Dilma e o coordenador de internet da campanha, Franklin Martins, mais os dois se reaproximam.
Emprego, renda, devolução dos impostos na forma de bons serviços, oportunidades, representação política com um mínimo de qualidade, estabilidade nos preços, segurança e a elevação do grau de maturidade no diálogo entre Estado e sociedade.
Os candidatos a presidente da República, contudo, ainda estão devendo uma resposta à altura desses anseios. E que não peçam para cada cidadão ler atentamente os programas de governo registrados na Justiça Eleitoral.
A conquista da emoção e da razão do público se dá no ambiente da interlocução que consigam construir mostrando que estão identificados com os desejos e sabem exatamente como realizá-los. De preferência, pensando em algo que ainda não tenha ocorrido ao eleitor, mas que uma vez dito desperte o inconsciente coletivo.
Isso quer dizer ir além do óbvio, fazer a diferença e ousar com vontade de acertar. Hoje os principais concorrentes parecem todos na defensiva, com muito mais medo de errar.
O governo tentando se equilibrar na sua zona de conforto das realizações passadas e promessas vagas de “fazer mais” e a oposição igualmente genérica, não raro demagógica e temerosa de se confrontar com programas governamentais de resultado inócuo.
Um exemplo? Aécio Neves prometendo reformular o programa Mais Médicos. Segundo ele, vai rever as regras de contratação com o governo cubano. Conversa de mineiro, pois sabe perfeitamente bem que a questão da saúde pública não se resolve com a importação de profissionais.
Podemos citar também a proposta do candidato Eduardo Campos sobre o passe livre para estudantes do transporte público. Isso lá é assunto para pretendente à Presidência de uma República complexa como a do Brasil?
A ideia aí é atrair a juventude. Sacada boa, porém óbvia demais e pequena ante a intenção de quem se propõe a dar um choque de renovação na política.
Esse poderia ser um bom tema para todos eles. Mas nenhum deles se atreve (no sentido original do termo, clarear as trevas) a propor algo de realmente inovador: a mudança do modelo das relações entre Executivo e Legislativo.
Eduardo Campos, em tese, propõe. Na prática, faz todo tipo de aliança na eleição e diz que isso é tática para tentar se eleger. Por que não seria para, se eleito, governar? Sobre a reforma política, nenhum dos três sai do lugar.
Dilma quer plebiscito e financiamento público, ambas as sugestões inexequíveis; Aécio defende um voto distrital que sozinho não faz verão; Campos fala sobre o misto de financiamento público e privado junto com lista fechada e limitação de mandatos legislativos.
O eleitor só fica olhando enquanto nenhum deles dá uma palavra sobre voto obrigatório ou facultativo, porque não lhes interessa a quebra dessa reserva de mercado.
Carochinha. Uma graça a justificativa de suas excelências para a suspensão dos trabalhos legislativos até as eleições: livrar o contribuinte do risco da aprovação de propostas demagógicas que resultem em aumento de gastos públicos.
Quanto a obrigar o contribuinte a pagar-lhes os salários enquanto cuidam das respectivas vidas políticas no lugar de exercer o mandato, os congressistas já não têm restrições.
Ademais, se a preocupação com o populismo é assim tão séria, bastaria que os líderes partidários usassem o mesmo poder que tiveram de suspender as sessões deliberativas para derrubar por votação simbólica as tais propostas demagógicas.
Vitamina. Quanto mais se noticia o afastamento entre a presidente Dilma e o coordenador de internet da campanha, Franklin Martins, mais os dois se reaproximam.
23 de julho de 2014
Dora Kramer, O Estadão
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