Há uma regra não escrita da política segundo a qual todo candidato competitivo trabalha com pelo menos duas agendas em sua campanha. Uma, oculta, diz respeito ao que pretende de fato fazer caso seja eleito; outra, pública, destina-se a angariar votos sem parecer um apanhado de mentiras.
Buscando equilibrar-se nessa ambivalência, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) participaram, na terça e na quarta-feira, respectivamente, de sabatina realizada por esta Folha, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan --a presidente Dilma Rousseff (PT) manifestou interesse em ser entrevistada, mas ainda não confirmou data para o evento.
Como seria de esperar, os dois oposicionistas aproveitaram a ocasião para exibir seu rol de críticas à administração federal. Nenhum governo está livre de reproches, afinal; no caso de Dilma, as pesquisas indicam elevadíssimos níveis de insatisfação dos eleitores, o que sem dúvida facilita a vida de quem se dispõe a confrontá-la.
Eduardo Campos, porém, ainda não se mostra confortável nessa posição. Não que não saiba apontar deficiências da atual gestão. Seu problema é outro: ministro no primeiro mandato do presidente Lula, rompeu com o governo petista há menos de um ano. Por causa disso, nem sempre soa tão assertivo quanto gostaria.
Aécio Neves não enfrenta esse tipo de restrição. À vontade para estender seus ataques pelos últimos 12 anos, veste com naturalidade o figurino de quem faz oposição às administrações petistas, e não somente à presidente Dilma.
O tucano, no entanto, nem por isso se permite enfrentar com franqueza as perguntas mais difíceis --mesmo quando sua resposta terminaria por acentuar diferenças em relação ao governo atual.
É o caso dos comentários acerca da economia. Aécio, e nisso não há distinção em relação a Campos, não lista todos os ajustes que decerto considera necessários para o país voltar a crescer. Não é simples para um político, mesmo que de oposição, defender arrocho salarial, mais desemprego e reformas na Previdência, por exemplo.
Ainda que a própria dinâmica das urnas exija certa teatralidade, fica para o eleitor a sensação de que os candidatos, todos eles, estão escondendo o jogo. Medidas impopulares, assim, surgirão de surpresa --talvez como contraponto às promessas de campanha que não passam de promessas.
Buscando equilibrar-se nessa ambivalência, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) participaram, na terça e na quarta-feira, respectivamente, de sabatina realizada por esta Folha, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan --a presidente Dilma Rousseff (PT) manifestou interesse em ser entrevistada, mas ainda não confirmou data para o evento.
Como seria de esperar, os dois oposicionistas aproveitaram a ocasião para exibir seu rol de críticas à administração federal. Nenhum governo está livre de reproches, afinal; no caso de Dilma, as pesquisas indicam elevadíssimos níveis de insatisfação dos eleitores, o que sem dúvida facilita a vida de quem se dispõe a confrontá-la.
Eduardo Campos, porém, ainda não se mostra confortável nessa posição. Não que não saiba apontar deficiências da atual gestão. Seu problema é outro: ministro no primeiro mandato do presidente Lula, rompeu com o governo petista há menos de um ano. Por causa disso, nem sempre soa tão assertivo quanto gostaria.
Aécio Neves não enfrenta esse tipo de restrição. À vontade para estender seus ataques pelos últimos 12 anos, veste com naturalidade o figurino de quem faz oposição às administrações petistas, e não somente à presidente Dilma.
O tucano, no entanto, nem por isso se permite enfrentar com franqueza as perguntas mais difíceis --mesmo quando sua resposta terminaria por acentuar diferenças em relação ao governo atual.
É o caso dos comentários acerca da economia. Aécio, e nisso não há distinção em relação a Campos, não lista todos os ajustes que decerto considera necessários para o país voltar a crescer. Não é simples para um político, mesmo que de oposição, defender arrocho salarial, mais desemprego e reformas na Previdência, por exemplo.
Ainda que a própria dinâmica das urnas exija certa teatralidade, fica para o eleitor a sensação de que os candidatos, todos eles, estão escondendo o jogo. Medidas impopulares, assim, surgirão de surpresa --talvez como contraponto às promessas de campanha que não passam de promessas.
23 de julho de 2014
Editorial Folha de SP
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