“Eu de vez em quando falo que as pessoas achincalham muito a política, mas a posição mais honesta é a do político, sabe por quê? Por que todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e tá com um emprego garantido para o resto da vida”, declarou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pronunciamento que fez em desagravo à denúncia do Ministério Público Federal.
A alfinetada, que tinha como alvo os procuradores do Ministério Público Federal, repercutiu muito mal, principalmente entre servidores de carreira, e passou a ser muito criticada nas redes sociais.
O presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Marco Antônio Araujo Junior, classificou a comparação do ex-presidente como leviana e absurda. “Soa muito mal para alguém que dirigiu um país fazer uma comparação leviana desta natureza. Podemos dizer, com convicção, que os aprovados em concursos públicos são extremamente bem preparados, que dedicaram anos de estudo. Menosprezar a categoria para elevar a figura de um político que roubou é uma comparação absurda” — criticou.
ALVO ERA O MPF – Para Araujo, o discurso de Lula estava direcionado aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, e não aos concursados de modo geral. O presidente da Anpac, porém, questionou o discurso de perseguição sugerido pelo petista, argumentando que a equipe do MPF segue regras de conduta e responde a uma hierarquia.
“Os procuradores federais não têm poderes absolutos. Como qualquer concursado, eles podem ser punidos com a perda do cargo em caso de má conduta” — explicou.
A fala de Lula, que foi reproduzida nos canais oficiais do petista nas redes sociais, causou grande revolta entre os concursados por comparar servidores e políticos corruptos, e o perfil do ex-chefe do Executivo recebeu uma enxurrada de queixas em seu Twitter.
Bernardo Mello, Daniel Gullino e Luciana Martinez
O Globo
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