ENTREVISTA: "PT TENTA DESACREDITAR OPERAÇÃO POR MEDO DAS CONSEQUÊNCIAS", DIZ
Ao substituir Cássio Cunha Lima (PB) na liderança do PSDB, o senador Paulo Bauer (SC) encontra um partido fortalecido após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mesmo depois de perder as quatro últimas eleições presidenciais, os tucanos ressurgem, com a ascensão do presidente Michel Temer, ao governo federal com a perspectiva de viabilizar-se para 2018.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Poder, o senador catarinense rebateu as críticas de que o governo pretende abafar a Lava Jato, como dizem parlamentares de oposição.
Segundo ele, o PSDB tem “total solidariedade com a Operação Lava Jato”. Sobre as críticas dos petistas, ele é categórico: “O PT tem preocupação sobre o que acontecerá com seus líderes. Assim, tenta desacreditar a operação e acusar o governo”.
Com o ex-presidente Lula enrolado no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, o PSDB acredita que a principal preocupação será superar a disputa interna do partido, que apresenta três candidatos chamados competitivos: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ministro José Serra (Relações Exteriores) e o senador Aécio Neves.
Qual será o papel do PSDB após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff?
Temos um compromisso com o Brasil: ajudar o presidente Michel Temer a vencer as dificuldades e os obstáculos. Nossa posição é muito clara: apoiamos o governo, inclusive participamos do governo, mas não fazemos uma postura de negociação com o governo. Não temos com o governo uma relação de toma-lá-dá-cá ou uma relação atrelada a interesses menores. Temos um compromisso com os grandes assuntos.
Quais são os grandes assuntos?
Resgate da economia do país, a reforma política, a reforma da Previdência e, mais do que isso, a eficiência na gestão pública. Se houver interesse do presidente Michel Temer nessas áreas, o PSDB apoiará as ações do governo com votos no Congresso e, inclusive, na defesa do governo perante a opinião pública.
O senhor acredita que o governo terá bala na agulha para votar as reformas?
Ele não terá dificuldades com o PSDB. O partido tem noção clara da gravidade do problema. A reforma da Previdência é urgente e necessária. Se a cada dia entra um trabalhador no mercado, com salário de mil reais por mês e paga a contribuição social sobre esse valor e, a cada dia, dois deixam de trabalhar e vão para a aposentadoria, com rendimentos de três mil por mês, é óbvio que a conta não vai fechar.
Mas o governo vem sendo muito criticado pela oposição...
É preciso, por esse motivo, ser muito transparente na informação repassada à sociedade. No momento que o cidadão estiver convencido, conseguiremos aprovar a reforma. Claro que não pode haver prejuízo para ninguém.
Haverá perda de direito do cidadão?
Pode ser necessário um esforço adicional, mas ninguém vai perder direito. O que poderemos necessitar é que cada um contribua um pouco mais para compensar o déficit que se anuncia. Como resultado da Reforma da Previdência, vamos ter duas coisas fundamentais: vamos ter o equilíbrio da receita e da despesa, porque o déficit da Previdência não crescerá, e os investidores, que precisam de segurança para tomar decisões a longo prazo, vão ter possibilidade e perspectiva de investir no país.
O que o senhor achou da viagem do presidente à China? Quais são os efeitos para a economia brasileira?
Os efeitos de uma viagem, onde o presidente participou da reunião do G-20, não são efeitos de curto prazo. Normalmente, eles se apresentam a longo prazo. Acordos internacionais e, principalmente, resultados por conta de negociações e de entendimentos feitos em blocos, como é o caso do G-20, só produzem resultados na frente. Não adianta esperar que, da visita do presidente a uma reunião como essa, tenhamos resultado a curto prazo.
O governo tenta abafar a Lava Jato, como diz a oposição?
O PT tem preocupação sobre o que acontecerá contra seus líderes na Lava Jato. Assim, tenta desacreditar a operação e acusar o governo. A cada dia, a gente descobre mais um dinheiro que foi colocado na campanha presidencial, mais uma atividade ilegal dos tesoureiros do PT, mais um dado que comprova a existência de apartamento em nome de terceiros. Obviamente, a situação preocupa o PT.
Mas os partidos aliados querem o encerramento da Lava Jato?
Para se proteger e evitar desgaste maior, o PT fica questionando e criticando, acusando o governo de diminuir a Lava Jato. O PSDB, como base do governo Temer, tem a mais absoluta e total solidariedade a oferecer ao ministro da Justiça, à Polícia Federal e ao Judiciário em todas as relações que envolverem a Lava Jato. O governo sabe dessa nossa posição e não temos nenhum compromisso com qualquer ato que diminua ou que reduza a Lava Jato.
Como é voltar ao governo depois de treze anos?
No nosso caso, estamos voltando ao governo porque o Brasil precisa de todas as forças e de todo o empenho para superar a crise ética e, principalmente, a crise econômica e de gestão, por conta de todos os fatos conhecidos e ocorridos nos últimos tempos e, talvez, durante todos esses treze anos (de PT). O PSDB não pode faltar com o Brasil e, portanto, não pode faltar com o governo, que tem a responsabilidade de resolver os problemas estruturais.
Até que ponto irá o compromisso com o governo, tendo em vista que o partido lançará candidato em 2018?
Se o PSDB tivesse sido eleito para presidir o país, esses problemas não teriam sido tão grandes. Ficamos fora do governo porque perdemos quatro eleições presidenciais. Hoje, queremos que o presidente Temer arrume o país porque queremos ser governo a partir de 2018, quando teremos candidato a presidente da República.
17 de setembro de 2016
Gabriel Garcia
diário do poder
"PT TENTA DESACREDITAR OPERAÇÃO POR MEDO DAS CONSEQUÊNCIAS", DISSE O SENADOR |
Ao substituir Cássio Cunha Lima (PB) na liderança do PSDB, o senador Paulo Bauer (SC) encontra um partido fortalecido após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mesmo depois de perder as quatro últimas eleições presidenciais, os tucanos ressurgem, com a ascensão do presidente Michel Temer, ao governo federal com a perspectiva de viabilizar-se para 2018.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Poder, o senador catarinense rebateu as críticas de que o governo pretende abafar a Lava Jato, como dizem parlamentares de oposição.
Segundo ele, o PSDB tem “total solidariedade com a Operação Lava Jato”. Sobre as críticas dos petistas, ele é categórico: “O PT tem preocupação sobre o que acontecerá com seus líderes. Assim, tenta desacreditar a operação e acusar o governo”.
Com o ex-presidente Lula enrolado no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, o PSDB acredita que a principal preocupação será superar a disputa interna do partido, que apresenta três candidatos chamados competitivos: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ministro José Serra (Relações Exteriores) e o senador Aécio Neves.
Qual será o papel do PSDB após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff?
Temos um compromisso com o Brasil: ajudar o presidente Michel Temer a vencer as dificuldades e os obstáculos. Nossa posição é muito clara: apoiamos o governo, inclusive participamos do governo, mas não fazemos uma postura de negociação com o governo. Não temos com o governo uma relação de toma-lá-dá-cá ou uma relação atrelada a interesses menores. Temos um compromisso com os grandes assuntos.
Quais são os grandes assuntos?
Resgate da economia do país, a reforma política, a reforma da Previdência e, mais do que isso, a eficiência na gestão pública. Se houver interesse do presidente Michel Temer nessas áreas, o PSDB apoiará as ações do governo com votos no Congresso e, inclusive, na defesa do governo perante a opinião pública.
O senhor acredita que o governo terá bala na agulha para votar as reformas?
Ele não terá dificuldades com o PSDB. O partido tem noção clara da gravidade do problema. A reforma da Previdência é urgente e necessária. Se a cada dia entra um trabalhador no mercado, com salário de mil reais por mês e paga a contribuição social sobre esse valor e, a cada dia, dois deixam de trabalhar e vão para a aposentadoria, com rendimentos de três mil por mês, é óbvio que a conta não vai fechar.
Mas o governo vem sendo muito criticado pela oposição...
É preciso, por esse motivo, ser muito transparente na informação repassada à sociedade. No momento que o cidadão estiver convencido, conseguiremos aprovar a reforma. Claro que não pode haver prejuízo para ninguém.
Haverá perda de direito do cidadão?
Pode ser necessário um esforço adicional, mas ninguém vai perder direito. O que poderemos necessitar é que cada um contribua um pouco mais para compensar o déficit que se anuncia. Como resultado da Reforma da Previdência, vamos ter duas coisas fundamentais: vamos ter o equilíbrio da receita e da despesa, porque o déficit da Previdência não crescerá, e os investidores, que precisam de segurança para tomar decisões a longo prazo, vão ter possibilidade e perspectiva de investir no país.
O que o senhor achou da viagem do presidente à China? Quais são os efeitos para a economia brasileira?
Os efeitos de uma viagem, onde o presidente participou da reunião do G-20, não são efeitos de curto prazo. Normalmente, eles se apresentam a longo prazo. Acordos internacionais e, principalmente, resultados por conta de negociações e de entendimentos feitos em blocos, como é o caso do G-20, só produzem resultados na frente. Não adianta esperar que, da visita do presidente a uma reunião como essa, tenhamos resultado a curto prazo.
O governo tenta abafar a Lava Jato, como diz a oposição?
O PT tem preocupação sobre o que acontecerá contra seus líderes na Lava Jato. Assim, tenta desacreditar a operação e acusar o governo. A cada dia, a gente descobre mais um dinheiro que foi colocado na campanha presidencial, mais uma atividade ilegal dos tesoureiros do PT, mais um dado que comprova a existência de apartamento em nome de terceiros. Obviamente, a situação preocupa o PT.
Mas os partidos aliados querem o encerramento da Lava Jato?
Para se proteger e evitar desgaste maior, o PT fica questionando e criticando, acusando o governo de diminuir a Lava Jato. O PSDB, como base do governo Temer, tem a mais absoluta e total solidariedade a oferecer ao ministro da Justiça, à Polícia Federal e ao Judiciário em todas as relações que envolverem a Lava Jato. O governo sabe dessa nossa posição e não temos nenhum compromisso com qualquer ato que diminua ou que reduza a Lava Jato.
Como é voltar ao governo depois de treze anos?
No nosso caso, estamos voltando ao governo porque o Brasil precisa de todas as forças e de todo o empenho para superar a crise ética e, principalmente, a crise econômica e de gestão, por conta de todos os fatos conhecidos e ocorridos nos últimos tempos e, talvez, durante todos esses treze anos (de PT). O PSDB não pode faltar com o Brasil e, portanto, não pode faltar com o governo, que tem a responsabilidade de resolver os problemas estruturais.
Até que ponto irá o compromisso com o governo, tendo em vista que o partido lançará candidato em 2018?
Se o PSDB tivesse sido eleito para presidir o país, esses problemas não teriam sido tão grandes. Ficamos fora do governo porque perdemos quatro eleições presidenciais. Hoje, queremos que o presidente Temer arrume o país porque queremos ser governo a partir de 2018, quando teremos candidato a presidente da República.
17 de setembro de 2016
Gabriel Garcia
diário do poder
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