"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

POR QUE OS AMBIENTES DE TRABALHO SE TORNAM TÃO NEGATIVOS?




O relacionamento humano é como um jogo de xadrez: pesado, tenso, preocupado com as estratégias do adversário, do tipo “eu acho, que ele acha, que eu acho, mas na verdade…” No fundo, o “outro” na nossa vida é sempre um mistério, ainda que seja um filho, o cônjuge, o amigo, o colega de trabalho, um familiar. O fato de sermos únicos, diferentes de qualquer outro, é, em si, uma complicação daquelas. Para tornar a coisa ainda mais complexa, somos desde novos domesticados pela cultura, religião, regras familiares e sociais.
Assim, treinados para agradar, para preencher a expectativa alheia, acabamos por nos camuflar, fingir e dissimular. Falamos o que não pensamos, expressamos o que não sentimos e fazemos o que não desejamos. Um caos! Quem dera se pudéssemos aprender a decifrar a linguagem não verbal, afinal, não somos aquilo que dizemos ser, e sim a maneira como agimos a cada dia.
Por isso, hoje reina um caos nos ambientes de trabalho. Diferentes gerações (principalmente a X, nascidos entre 64 e 78, e a Y, de 78 a 99) são comandadas em geral pela geração “baby boom” – os nascidos pós-Segunda Guerra. Todos têm que conviver no mesmo espaço físico, cheio de metas, hierarquias, uma fauna de temperamentos diferentes, tribos diversas e, não raro, um clima pesado.
Mesmo em meio a tanta tecnologia e eletrônicos, o recurso humano é ainda primordial, pois opera as máquinas. E a cada dia as relações interpessoais se deterioram, há quase uma guerra entre patrões e empregados, chefes e funcionários, jovens e os mais velhos. Esquecemos que somos todos interdependentes. Eliminar um lado é extinguir o outro.
INVESTIMENTO NÃO É CUSTO
Lamentavelmente, a maioria das empresas ainda vê o investimento em pessoas como custo. Se somassem as demandas trabalhistas, as trocas de empregos sem uma fidelização e ligação afetiva com o trabalho, além de afastamentos médicos, baixa produtividade, absenteísmo (famosas faltas, principalmente na segunda-feira), com certeza, valeria a pena um trabalho contínuo para melhorar a qualidade de vida dos funcionários.
Envenenar o ambiente de trabalho é tão fácil quanto turvar um copo cheio de água com uma gota de tinta. Ambientes tensos, onde superiores autoritários, exigentes e explosivos geram medo, estresse, reatividade e, principalmente, sabotagem são mais comuns que se imagina. As fofocas maliciosas, disputas tresloucadas por poder – desde os inúteis e fúteis, até o poder econômico, de comandar –, os egos inflados num universo individualista e imaturo, tudo se soma para dividir o ambiente e imperar o mau humor, a competição desenfreada.
Ok, sei que existem ótimos e profícuos ambientes de trabalho. Onde o ser humano é valorizado, a compreensão é um valor e amizades se firmam. Louvo tais empresas, mas são exceção. Desde os primórdios, a regra é a das disputas, traições, inveja, ciúme.
JOGO SEM REGRAS
Somos um campo onde emoções, hormônios, pensamentos, fazem um jogo sem regras, violando a ética, a moral, a civilidade desejada. Agora, imagina tudo isso multiplicado pelo anonimato das redes sociais, do cyberbullying, do mundo conectado, expondo publicamente a intimidade de todos nós. Adicione doses cavalares de radicalismo e intolerância racial, religiosa, social, política, esportiva e por aí vai.
Sonho o dia em que as ciências comportamentais venham a ser inseridas em empresas e comunidades escolares, para que os bons (silenciosa maioria) tenham conteúdo e conhecimento para dar uma virada nesse cenário deprimente; e construam um mundo melhor para filhos, netos ou quem vier. Sou um sonhador obstinado! E busco companhia…

29 de junho de 2015
Eduardo Aquino
O Tempo

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