"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O BOM COMBATE À CORRUPÇÃO

A corrupção, além de uma questão moral, é um risco inarredável do jogo político real. Para combatermos eficazmente esse mal, temos de criar estruturas institucionais mais simples e eficazes, quebrar monopólios de decisão, abrir atos secretos de poder, criar incentivos de delação e impor mecanismos céleres de punição exemplar. 
Em sistemas políticos modernos, a corrupção está instalada em organizações criminosas complexas – de concatenações públicas e privadas –, com hábil e silenciosa mobilidade nas margens da lei, ganhando escala em países institucionalmente fracos e anacrônicos.

Sem cortinas, a democracia de massas e o desenvolvimento econômico das nações multiplicaram a arrecadação fiscal, transformando os governos em oásis trilionários de recursos pecuniários. 
Ora, é muito dinheiro, pouca fiscalização e raro espírito público. Tal combinação é politicamente explosiva e moralmente desastrosa, ou seja, o risco da ilicitude é extremamente alto. Moral da história: o voto democrático pode eleger governos indecentes que, para escusos fins pessoais, acabam por subjugar a soberania popular a seus incontroláveis desideratos criminosos.

Com o foro da impunidade, os sistemas corruptos se estabilizam em uma situação de equilíbrio, beneficiando pontuais setores da elite política e econômica, prejudicando, assim, a concorrência do livre mercado e a paridade de armas na democracia. 
Para quebrar a inércia delitiva, faz-se imperativo um fato desencadeador que atinja o núcleo do esquema delitivo, capturando algumas cabeças da engrenagem corrupta. 
Trata-se da aplicação da estratégia do frying a few big fishes, na qual o enquadramento daqueles que se achavam acima da lei vem a criar um momento proativo de elevação institucional do país.

Nesse contexto, a Operação Lava Jato poderá ser um ponto de inflexão importante no bom combate à entranhada corrupção brasileira. Para tanto, é fundamental o engajamento da sociedade civil na luta por um país mais digno, justo e decente. 
Não basta apenas votar de dois em dois anos. É preciso ser, diariamente, um bom cidadão. 
E o bom cidadão é aquele que não cala diante do desmando estabelecido, que participa ativamente das discussões políticas e faz do virtuoso exemplo pessoal uma forma de multiplicação dos valores morais que devem presidir a vida em sociedade.

O atual momento do Brasil, embora frustrante ao cidadão de bem, é uma etapa obrigatória de nossa caminhada civilizatória. A democracia é um processo político que se aprimora na prática. Nem sempre é fácil. 
E é justamente por isso que a luta pela liberdade se revela recompensadora, pois é no esforço e na superação da dificuldade que o espírito humano encontra a paz do dever cumprido. A hora é de fé, trabalho e confiança no futuro. Afinal, quando o povo quer, a política acaba querendo.


29 de junho de 2015
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr.

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