"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

CONSULTORES ALERTAM JOAQUIM LEVY SOBRE OBJETIVOS INALCANÇÁVEIS




Ao longo de um encontro em Brasília com dezesseis consultores econômicos de bancos e de setores de produção, reportagem de Geralda Doca e Aliane Oliveira, O Globo, edição de sexta-feira, o ministro Joaquim Levy deparou-se com questionamentos a respeito da duração e o caráter da crise que atinge o país. Sob o ângulo político, o efeito de discordância projeta-se sensivelmente na área do governo, envolvendo-o numa sombra de dúvida.
O titular da Fazenda ouviu igualmente opiniões de que os objetivos que traçou para tentar superar as dificuldades são inalcançáveis. O tom de reunião, assim, transformou-se surpreendentemente em manifestação de pessimismo, com o qual certamente Joaquim Levy não contava. As maiores contestações partiram de Cláudio Adilson Gonçalves, da MCM Associados, Carlos Tadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio, e Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria. O ajuste fiscal pretendido é inalcançável na opinião de Gonçalves. Houve uma convergência de opiniões nesse sentido.
Reforçada, aliás, diante do déficit de 8 bilhões de reais entre receita e despesa registrado no mês de maio, preocupação que se estendeu ao Secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, ao afirmar – neste ponto a matéria está assinada por Marta Beck e Gabriela Valente – que o governo estuda novas medidas e ainda pode contar com receitas extraordinárias para perseguir o esforço fiscal. Não revelou quais são essas receitas, mas frisou que, evidentemente, o quadro é difícil, porém acreditamos não ser este o momento ideal para a revisão da meta.
SÓ NO PAPEL…
A teoria projetada pelo ministro da Fazenda parece funcionar apenas no papel e nos computadores da esplanada de Brasília – panorama esTe, aliás, tipicamente brasileiro. Enseja, a meu ver, a ideia de criar-se um museu das ideias perdidas.
Inclusive, Marcelo Saintive destacou existir um grau muito grande de incerteza na economia e – prosseguiu – precisamos olhar passo a passo como vai ser a performance da receita. Tudo isso é necessário para fazer uma avaliação correta. Como se observa, a perspectiva do secretário do Tesouro não se ajusta plenamente à revelada por Joaquim Levy, para quem os riscos de novos gastos afeta muito a confiança dos investidores.
Como se vê, o ministro da Fazenda adotou um rumo genérico nas suas declarações. Escapou, ou pelo menos tentou escapar de afirmações mais concretas. Afinal de contas, ele concorda ou discorda de Marcelo Saintive? Está ou não preocupado com o desempenho da arrecadação no final de contas?
COISAS BACANAS
Sobre o conteúdo do encontro com os consultores, Joaquim Levy classificou de ótimo. Ouvi coisas bacanas – enfatizou. Porém, a preocupação geral e dominante que as repórteres identificaram foi quando a economia brasileira voltará a crescer? Já que o decréscimo está configurado na retração do mercado de trabalho, numa terceira reportagem, também de O Globo, esta de Luciane e Fábio Teixeira. Eles, com base em dados do IBGE, assinalam que em maio o desemprego subiu para 6,7% e a renda proporcionada pelo trabalho cai 5 pontos.
Tais fatores, claro, influem diretamente no consumo e portanto na produção, além de acrescentarem mais pontos negativos na popularidade e aprovação do governo Dilma Rousseff. A impressão que os episódios ocorridos nos últimos dias deixam é a de que o Poder Executivo não está executando porque lhe está faltando tanto um rumo concretamente definido quanto a implantação de mais realismo e menos fantasia teórica.

29 de junho de 2015
Pedro do Coutto

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