“O país precisa sair do volume morto, reencontrar um nível de crescimento, credibilidade no seu sistema político”, escreveuFernando Gabeira em artigo brilhante em O Globo. “Hoje o país é governado por um fantasma de bicicleta e um partido de míseros oportunistas, segundo seu próprio líder, chamado de Brahma pelas empreiteiras.”
Em artigo igualmente brilhante, publicado em O Globo e no Estadão, o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, fala sobre o cronismo que o PT instalou no Brasil a partir de 2008 – e cronismo, explica, é o aportuguesamento de um termo surgido na Inglaterra no século XVII, que significa amigos, afilhados, capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha, irmãos no crime.
Em 2008, lembra Gustavo Franco, o então ministro Guido Mantega proclamou que “o capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado.”
E lá fomos nós, escreve o economista, procurando ser chineses, ou ganhar o Nobel em economia através de várias “opções estratégicas”, como as escolhas para o petróleo, e, mais genericamente, em todas as frentes de políticas públicas onde se buscou confrontar as soluções de mercado.
“Seis anos e muitos escândalos depois, passando por prejuízos bilionários, heterodoxias, pedaladas, e outras tantas coisas horríveis que cabem muito bem dentro do figurino internacional do cronismo, é bastante claro que essa nova matriz não apenas fracassou no tocante ao desempenho da economia, como desandou em um oceano de irregularidades e crimes.”
***
Os dois belíssimos artigos, um de um economista extremamente bem formado, o outro de um jornalista da melhor categoria, que passou anos na política e agora retornou com tudo ao ofício de repórter e articulista, se complementam de uma maneira maravilhosa. Um vem por um viés mais econômico, o outro por um viés mais político, mas os dois identificam com perfeição e clareza os danos que estes 12 anos e meio de lulo-petismo causaram às estruturas do país.
Gabeira cita o escritor argelino Kamel Daoud, que indica a necessidade de as pessoas lerem mais: “Fiquei pensando como teria sido bom para a esquerda brasileira leitura, muita leitura, para poder escapar da sua própria miopia ideológica. (…) Leitura, muita leitura, não importa em que plataforma, talvez impedisse a esquerda de ver seu predestinado líder proletário trabalhando como lobista de empreiteiras. Talvez nem se chamaria mais de esquerda.”
O país precisa sair do volume morto, diz Fernando Gabeira.
O país precisa reforçar as instituições que evitem que idéias extravagantes tornem o Brasil mais vulnerável ao cronismo, diz Gustavo Franco.
O Brasil precisa se livrar dos governos do PT o quanto antes. Mas não basta. Depois que o PT deixar o poder, em janeiro de 2019 – se é que ele vai aguentar chegar até lá -, o país terá a duríssima tarefa de se libertar dos malefícios todos deixados por eles, que se entranharam tanto em quase todos os tecidos do Estado e da sociedade: corrupção, compadrio, contas camufladas, embaralhadas, tornadas sigilosas, incompetência administrativa, gerencial, bolsas, cotas, vantagens, subsídios, ajudas. Cronismo. Pró-negócio.
O país precisa se livrar não só do PT, mas de tudo isso que o PT trouxe para o país o quanto antes, o mais rápido possível.
Para reinstalar na sociedade a admiração e o orgulho pela competência, pelo mérito, pelo planejamento, pela transparência, pelo trabalho duro e real. Pró-mercado.
Vai ser um trabalho hercúleo, ciclópico.
29 de junho de 2015
Sérgio Vaz
Em artigo igualmente brilhante, publicado em O Globo e no Estadão, o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, fala sobre o cronismo que o PT instalou no Brasil a partir de 2008 – e cronismo, explica, é o aportuguesamento de um termo surgido na Inglaterra no século XVII, que significa amigos, afilhados, capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha, irmãos no crime.
Em 2008, lembra Gustavo Franco, o então ministro Guido Mantega proclamou que “o capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado.”
E lá fomos nós, escreve o economista, procurando ser chineses, ou ganhar o Nobel em economia através de várias “opções estratégicas”, como as escolhas para o petróleo, e, mais genericamente, em todas as frentes de políticas públicas onde se buscou confrontar as soluções de mercado.
“Seis anos e muitos escândalos depois, passando por prejuízos bilionários, heterodoxias, pedaladas, e outras tantas coisas horríveis que cabem muito bem dentro do figurino internacional do cronismo, é bastante claro que essa nova matriz não apenas fracassou no tocante ao desempenho da economia, como desandou em um oceano de irregularidades e crimes.”
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Os dois belíssimos artigos, um de um economista extremamente bem formado, o outro de um jornalista da melhor categoria, que passou anos na política e agora retornou com tudo ao ofício de repórter e articulista, se complementam de uma maneira maravilhosa. Um vem por um viés mais econômico, o outro por um viés mais político, mas os dois identificam com perfeição e clareza os danos que estes 12 anos e meio de lulo-petismo causaram às estruturas do país.
Gabeira cita o escritor argelino Kamel Daoud, que indica a necessidade de as pessoas lerem mais: “Fiquei pensando como teria sido bom para a esquerda brasileira leitura, muita leitura, para poder escapar da sua própria miopia ideológica. (…) Leitura, muita leitura, não importa em que plataforma, talvez impedisse a esquerda de ver seu predestinado líder proletário trabalhando como lobista de empreiteiras. Talvez nem se chamaria mais de esquerda.”
O país precisa sair do volume morto, diz Fernando Gabeira.
O país precisa reforçar as instituições que evitem que idéias extravagantes tornem o Brasil mais vulnerável ao cronismo, diz Gustavo Franco.
O Brasil precisa se livrar dos governos do PT o quanto antes. Mas não basta. Depois que o PT deixar o poder, em janeiro de 2019 – se é que ele vai aguentar chegar até lá -, o país terá a duríssima tarefa de se libertar dos malefícios todos deixados por eles, que se entranharam tanto em quase todos os tecidos do Estado e da sociedade: corrupção, compadrio, contas camufladas, embaralhadas, tornadas sigilosas, incompetência administrativa, gerencial, bolsas, cotas, vantagens, subsídios, ajudas. Cronismo. Pró-negócio.
O país precisa se livrar não só do PT, mas de tudo isso que o PT trouxe para o país o quanto antes, o mais rápido possível.
Para reinstalar na sociedade a admiração e o orgulho pela competência, pelo mérito, pelo planejamento, pela transparência, pelo trabalho duro e real. Pró-mercado.
Vai ser um trabalho hercúleo, ciclópico.
29 de junho de 2015
Sérgio Vaz
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