Ainda que com muita reserva, o mercado financeiro já discute a possibilidade de Dilma Rousseff não terminar o governo, seja por meio da renúncia ou de impeachment. A reprovação de 65% do governo, nível só comparável à administração Collor de Mello, que caiu por corrupção, e o desastroso desempenho da economia têm levado vários analistas a traçarem cenários do que pode ocorrer no Brasil caso a petista interrompa o mandato. O que se vê é um país mergulhado no caos.
Todos os estudos mostram, porém, que a probabilidade de Dilma não entregar a faixa presidencial a seu sucessor em janeiro de 2019 é muito pequena. Por maior que seja a fragilidade política enfrentada pela chefe do Executivo e mesmo que a economia afunde de vez na recessão, tudo indica que haverá movimentos em várias frentes para que ela cumpra o mandato que as urnas lhe deram. Os próprios analistas que se dedicaram ao tema acreditam que esse é o melhor caminho para o país. A ruptura custaria muito, mas muito caro.
O certo é que Dilma não terá sossego. Se antes mesmo de completar seis meses do governo o descontentamento da população com o governo é enorme, à medida que o tempo for passando, a gritaria vai se agigantar. O Brasil combina hoje tudo o que há de pior na economia: a inflação está caminhando para 10%, o desemprego atinge em cheio as famílias, sobretudo no Nordeste e no Sudeste; o crédito está caro e escasso e o governo está de mãos atadas para dar algum impulso à atividade, por causa das estripulias que fez nos últimos quatro anos.
29 de junho de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense
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