O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, aproveitou a sua primeira aparição pública após o cumprimento de mandado de busca e apreensão em um de seus escritórios em Belo Horizonte, nessa quinta-feira (25). Ele é alvo da Polícia Federal na nova fase da Operação Acrônimo, que investiga supostos desvios de recursos para campanhas do Partido dos Trabalhadores.
“Sem dúvida nenhuma, perde a Justiça e perde muito quando os inquéritos se transformam em espetáculos midiáticos, pirotécnicos, jogando no lixo as regras judiciais e até do sigilo judicial. Perde muito a Justiça com o uso excessivo, abusivo de medidas policiais antecipatórias, como são os mandados de busca e como são as prisões provisórias, quando elas são utilizadas contra cidadãos que não tem antecedentes criminais, tem domicílio fixo e patrimônio reconhecido, que são cidadãos, até o momento em que se decreta a medida, apenas investigados. Você antecipa aquilo, faz um foro midiático, espetaculoso. Isso não é um bom caminho para a Justiça brasileira”, desabafou Pimentel durante o seu momento de fala como orador de um evento na Defensoria Pública de Minas Gerais.
O governador foi homenageado com o grande Colar da Defensoria Pública. Outros 59 representantes do poder público e da sociedade foram agraciados por terem contribuído para o “engrandecimento” da instituição.
NA RESIDÊNCIA, NÃO
Os investigadores pediram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorização para realizar busca e apreensão na residência oficial do governador, mas o pedido foi negado. O tribunal também indeferiu solicitação para busca na sede do PT em Minas e no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da PF nesta quinta foi um imóvel em um prédio de Belo Horizonte onde funcionava o escritório de Pimentel durante a campanha de 2014. A residência particular dele fica ao lado, mas a PF não esteve no local. No imóvel, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão em uma empresa que já pertenceu a Pimentel, a OPR Consultoria. Atualmente, ela é registrada no nome do filho de seu ex-sócio.
INQUÉRITO
Na semana passada, a PF solicitou ao STJ abertura de inquérito sobre o governador de Minas por suposto crime de “lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores”, como parte dos desdobramentos da Operação Acrônimo. O tribunal ainda não se manifestou sobre se aceita ou não a abertura de inquérito.
Houve busca e apreensão na agência de comunicação Pepper, que executa a comunicação do PT nas redes sociais e é responsável pela página não oficial de Dilma Rousseff no Facebook – atuou, inclusive, para a campanha de eleição da presidente em 2010. Ainda não se sabe o que motivou essa busca. A agência continuará prestando serviços ao PT.
A operação prendeu, há algumas semanas, Benedito Rodrigues, o Bené, empresário próximo ao governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Bené foi solto logo em seguida.
AMIGO BENÉ
A investigação sobre a atuação de Bené teve início em 2014, quando a PF apreendeu, a partir de uma denúncia anônima, mais de R$ 100 mil em uma aeronave onde viajava o empresário e outras pessoas. A aeronave foi apreendida depois de decolar de Belo Horizonte e pousar em Brasília. O caso ocorreu durante a campanha eleitoral.
Bené é dono de empresas do setor gráfico e já firmou mais de R$ 500 milhões em contratos com órgãos federais entre 2005 e 2015, em especial os ministérios da Saúde, das Cidades e do Combate à Fome. Segundo a PF, há uma “confusão patrimonial” e indícios de lavagem de dinheiro com o uso de “laranjas”.
A PF também afirma ter encontrado documentos que trazem indícios de que Bené teria atuado no caixa dois da campanha que elegeu Pimentel em Minas. Uma tabela impressa em duas páginas traz a inscrição “Campanha Pimentel”, segundo a PF.
As empresas vinculadas a Bené trabalharam na campanha de Pimentel, tendo sido remuneradas em R$ 3,2 milhões por meio do comitê financeiro estadual do PT
29 de junho de 2015
Humberto Siqueira
O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário