O noticiário atual registra episódios de mergulhos no caos por falta de moderação e pela ambição excessiva dos homens. A maior ofensa aos deuses da Grécia Antiga eram justamente as aspirações sem limites dos humanos. Os antigos gregos atribuíam a perdição dos homens e a queda dos impérios aos castigos dos deuses às nossas desmedidas pretensões. Pois bem, experimentamos em algumas crises contemporâneas o eterno retorno dessa tragédia humana, demasiado humana, da falta de moderação que nos condena aos excessos e ao declínio.
A crise da Grécia exibe em grau extremo décadas de irresponsáveis abusos da social-democracia europeia contra a viabilidade financeira dos sistemas públicos de saúde, educação e aposentadoria. Sob o véu do euro, desnudaram-se verdadeiros atentados cometidos por uma despreparada classe política contra as redes de solidariedade que sustentam a moderna civilização ocidental. O que era uma sabedoria filosófica em busca de uma "vida boa", no sentido ético, tornou-se sob o socialismo a exigência de uma “vida mansa”... pelos deuses desatendida.
A crise política brasileira é outro episódio de perdição dos homens por ambição excessiva. O PT era um partido com princípios em defesa da transparência, da democratização e da descentralização dos orçamentos públicos. Mas petistas inebriados pelo poder perderam-se em desmedidas pretensões. Lançaram-se com voracidade em despudorado ímpeto de conquista e aparelhamento dessa engrenagem administrativa centralizada, tão instrumental ao autoritarismo dos militares que a moldaram. Por esse desaforo ao bom senso dos eleitores e por esse desafio às instituições de uma sociedade aberta em construção, ofenderam os deuses da Justiça e por eles deverão ser punidos.
A nossa atual crise econômica é também filha dos excessos e da falta de moderação. A tentativa de perpetuar uma expansão cíclica sob os ventos favoráveis de um boom das commodities estimulou a excitação do consumo privado pelos juros baixos do Banco Central, pela redução de impostos e desonerações fiscais, pela expansão excessiva do crédito público e pelo represamento de preços-chave na economia como energia, combustíveis e câmbio. Os efeitos benéficos transitórios reelegeram a presidente. Mas pelos excessos sofre agora castigos dos deuses.
29 de junho de 2015
Paulo Guedes
A crise da Grécia exibe em grau extremo décadas de irresponsáveis abusos da social-democracia europeia contra a viabilidade financeira dos sistemas públicos de saúde, educação e aposentadoria. Sob o véu do euro, desnudaram-se verdadeiros atentados cometidos por uma despreparada classe política contra as redes de solidariedade que sustentam a moderna civilização ocidental. O que era uma sabedoria filosófica em busca de uma "vida boa", no sentido ético, tornou-se sob o socialismo a exigência de uma “vida mansa”... pelos deuses desatendida.
A crise política brasileira é outro episódio de perdição dos homens por ambição excessiva. O PT era um partido com princípios em defesa da transparência, da democratização e da descentralização dos orçamentos públicos. Mas petistas inebriados pelo poder perderam-se em desmedidas pretensões. Lançaram-se com voracidade em despudorado ímpeto de conquista e aparelhamento dessa engrenagem administrativa centralizada, tão instrumental ao autoritarismo dos militares que a moldaram. Por esse desaforo ao bom senso dos eleitores e por esse desafio às instituições de uma sociedade aberta em construção, ofenderam os deuses da Justiça e por eles deverão ser punidos.
A nossa atual crise econômica é também filha dos excessos e da falta de moderação. A tentativa de perpetuar uma expansão cíclica sob os ventos favoráveis de um boom das commodities estimulou a excitação do consumo privado pelos juros baixos do Banco Central, pela redução de impostos e desonerações fiscais, pela expansão excessiva do crédito público e pelo represamento de preços-chave na economia como energia, combustíveis e câmbio. Os efeitos benéficos transitórios reelegeram a presidente. Mas pelos excessos sofre agora castigos dos deuses.
29 de junho de 2015
Paulo Guedes
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