"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

IMPOSSÍVEL DESCONHECER A CONSTITUIÇÃO

É conhecido o diálogo entre Alexandre e Diógenes, numa praça de Atenas, quando o vencedor dos gregos e futuro conquistador do mundo indagou do genial pensador o que poderia dar-lhe como retribuição por suas lições: fortunas, palácios, honrarias e tudo o mais que fosse. Estavam defronte ao barril onde Diógenes morava, e a resposta surpreendeu e calou Alexandre: “majestade, não me tires aquilo que não me podes dar…” 

Acontece que o visitante se colocara entre o sol e o visitado, impedindo-o de receber luz e calor.
Vale o mesmo para as relações entre o Congresso e a presidente Dilma. Ela pode prometer tudo a deputados e senadores, desde nomeações até benesses e favores variados, mas não terá sucesso se estiver pretendendo comprar o silêncio e a imobilidade do Legislativo diante das iminentes iniciativas obrigatórias a ser adotadas como reação às sucessivas denúncias de roubalheira no governo. 
Parece inexorável a abertura de processo de impeachment contra Madame, não porque ela se tenha locupletado na lambança da Petrobras e outras, mas pelo fato de ser a responsável maior pelo que aconteceu. Como presidente da República, não poderia deixar de saber de tudo, do envolvimento de seu partido, de seus aliados e até de seus ministros no desvio de dinheiros públicos para garantir sua reeleição e a permanência da atual quadrilha no poder.

Dilma não conseguirá tirar do Congresso o dever irrevogável de zelar pela sobrevivência das instituições democráticas. Porque, frente a tantos escândalos denunciados e evidenciados, não sobreviveremos como nação e como estado organizado caso não se faça justiça. 
Pode ser cruel o afastamento de quem não participou, pessoalmente, do festival de corrupção encenado até antes de seu primeiro mandato, mas fica claro que tudo aconteceu com seu conhecimento. 
Como imaginar que pudesse fechar-se na redoma de vidro do palácio do Planalto, cercada por inocentes e, mesmo, por coniventes? Até por isso, se fosse verdade, não teria condições de continuar. O país não aguentará três anos e meio de silêncio, depois de tanto tempo com as vísceras expostas.

Como ignorar tudo o que o Ministério Público e a Polícia Federal vem apurando desde o mensalão do período Lula, sem falar na exposição promovida pela mídia e, mais do que tudo, do trabalho que a Abin obriga-se a prestar? 
É pouco, quase nada, determinar que cada um dos acusados se defenda, até sem afastá-los de suas funções e de seu círculo mais chegado. Por tamanha leniência, para não falar em conluio, logo se abrirá no Legislativo o processo de afastamento da presidente. Assim como Diógenes não passava sem o seu banho de sol, o Congresso também não desconhecerá a Constituição.

29 de junho de 2015
Carlos Chagas

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