"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de outubro de 2013

OS BASTIDORES DO PODER EM "O MORDOMO DA CASA BRANCA"

Longa conta a história, baseada em fatos reais, do homem que serviu oito presidentes dos Estados Unidos
 

Cena do filme 'O Mordomo na Casa Branca'
Cena do filme 'O Mordomo na Casa Branca' (Divulgação)
 
Eugene Allen serviu como mordomo na Casa Branca entre 1952 e 1986, durante os mandatos de oito presidentes: de Harry Truman a Ronald Reagan. Em 2009, Allen foi convidado por Barack Obama para sua posse. No ano anterior, a história do mordomo fora contada pelo jornalista americano Wil Haygood em um artigo no Washington Post. “Ele estava lá enquanto a história racial da América era refeita”, escreveu Haygood. Baseado na vida de Allen, o roteirista Danny Strong escreveu O Mordomo da Casa Branca (The Butler), filme dirigido por Lee Daniels (de Preciosa e Obsessão) que faz parte da mostra Panorama do Festival do Rio.
 
No longa, a luta dos negros por direitos civis é o pano de fundo da história do mordomo, que no filme se chama Cecil Gaines (Forest Whitaker) e tem um filho ativista, Louis (David Oyelowo). Os dois não se entendem: Louis participa de diversos movimentos, desde o pacifista Ônibus da Liberdade até o radical Panteras Negras, passando pelas marchas com Martin Luther King. Cecil não aceita e passa anos sem falar com ele. Pai de um casal de gêmeos de 17 anos, Liam e Clara, Lee Daniels conta que o roteiro falou a seu coração desde o início por ser, a seu ver, a história de um amor entre pai e filho.
 
“Eu fiz esse filme porque eu tenho um filho. Nós muitas vezes estamos passando por momentos difíceis, batendo de frente. E nesse filme o pai e o filho se acertam no fim. Mostrei o filme ao meu filho, porque ele significa tanto para mim. Então eu perguntei se ele gostou do filme e ele disse que sim. Ufa! Então perguntei se ele sabia o quão difícil tinha sido e o quão importante era. Ele se virou e disse: ‘Não. Importante para mim seria um Homem-Aranha negro’. E eu pensei comigo: ‘Que ingrato! Não importa o que se faça, nunca será suficiente’. Entende o que eu digo? É exatamente o que acontece com o pai e o filho do filme. Eu pensei que seria suficiente, mas não é, porque nada nunca será suficiente. O que é bom! Eu não consigo ver um Homem-Aranha negro, mas ele consegue”, diz o diretor.
 
O elenco estelar de O Mordomo da Casa Branca inclui nomes como Robin Willians, John Cusack e Alan Rickman, que interpretam, respectivamente, os presidentes Dwight D. Eisenhower, Richard Nixon e Ronald Reagan. Jane Fonda interpreta Nancy Reagan. Cuba Gooding Jr e o cantor Lenny Kravitz são outros dois mordomos, enquanto Mariah Carey faz uma ponta, no início do longa, como a mãe de Cecil. A bilionária apresentadora Oprah Winfrey, uma das mulheres mais influentes do mundo, é a mulher alcoólatra do mordomo. Lee Daniels teve de equilibrar todas essas histórias em 132 minutos.
 
Em certos momentos, o filme lembra Forrest Gump, de Robert Zemeckis, ao colocar Cecil Gaines no meio de acontecimentos decisivos da história americana e ao lado de tantas figuras reais – aparecem ainda John (James Marsden) e Jacqueline (Minka Kelly) Kennedy, Lyndon B. Johnson (Liev Schreiber) e Martin Luther King (Nelsan Ellis).  
 
“Eu mantive meu olho no mordomo o tempo todo. Era tudo sobre o mordomo, suas experiências. E sua família. É uma história de amor entre pai e filho e o pano de fundo é a luta pelos direitos civis. E acho que ambos, pai e filho, estão certos em seus pontos de vista”, diz o diretor.
 
Embora o mordomo da vida real só tenha tido um filho, que realmente se envolveu com o ativismo político, o do filme tem um caçula, Charlie (Elijah Kelley), que vai lutar na Guerra do Vietnã. “Para mostrar os diferentes pontos de vista dos afro-americanos, eu precisava criar um segundo filho. Alguém tinha que lutar pelo país e alguém tinha que lutar no país”, explica Daniels.
06 de outubro de 2013
Flávia Ribeiro - Veja
 

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