"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de outubro de 2013

A VINGANÇA DE MARINA


Dudu Paz e Amor engole a Rede e contrata Marina Raivosa para atacar os adversários no seu lugar

 
O ingresso de Marina Silva no PSB de Eduardo Campos, numa "aliança programática", mas não "pragmática" (apesar da própria Marina confundir os dois termos no seu discurso) tem outros efeitos que ainda não foram avaliados.
 
Não há aliança, há vingança. Marina Silva, que é uma pessoa má pela própria natureza, agiu com precisão cirúrgica para garantir o segundo turno que tanto apavora Dilma e o PT. Foi uma jogada de mestra. Vai poder bater a valer no governo, vai ter um palanque para o seu discurso contra o PT, a quem responsabiliza por um ataque para impedir o registro do seu partido. Já fez isso no dia de hoje, ao se colocar vítima de um complô, discurso que vem reforçando nos últimos dias. E que, diga-se de passagem, colou. Haverá um voto de ódio contra o governo.
 
Marina Silva não se comprometeu em ser vice de Eduardo Campos. Mas abriu o partido para que os seus companheiros com mandato possam se filiar num mesmo partido, com estrutura e tempo de TV. No entanto, se a campanha decolar, se houver transferência de votos, obviamente que ocupará o posto. Uma hipótese de governo já deve estar loteada entre os dois.
 
Em caso de vitória, Marina Silva já garantiu o seu quinhão. A ex-ministra do Meio Ambiente, com toda a certeza, terá o seu feudo de volta, onde militavam as ONGs internacionais e todos os marineiros que estavam, hoje, ao seu lado na mesa. Também comandará o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além do Ministério das Minas e Energia. Não precisará mais nada para arrasar com a agropecuária brasileira e com as obras estruturantes de energia e de logística. Índios e sem terra expulsarão produtores rurais das suas propriedades, intensificando o que, hoje, já está ocorrendo no governo petista.
 
Outra constatação, talvez a mais importante, é que a candidatura de Eduardo Campos terceiriza os ataques ao governo, ao PT e ao PSDB. Vai respeitar o pacto com Aécio Neves, mas Marina Silva estará liberada para bater em quem bem entender. Poderá encarnar o Dudu Paz e Amor, porque terceirizou os ataques para Marina Silva. Se alguém não lembra, Eduardo Campos, na entrevista, afirmou que ligou para avisar Lula sobre a fusão dos partidos, mas que não o encontrou. O que isso significa? Que não vai cair na armadilha de atacar o governo no qual mamou durante 11 anos. Este  papel será de Marina.
 
Não penso que o PSDB tenha alguma perda imediata, a não ser a volta das viúvas de Serra a tentar impor o seu nome numa chapa puro-sangue, por exemplo. Tipo assim, vamos deixar os dois e quem estiver com mais densidade eleitoral nas pesquisas, assume a cabeça-de-chapa. Ou os petistas tentarem jogar as perdas para os tucanos, quando na verdade quem perdeu foi o governo, pois o segundo turno está garantido.
 
Alguns prejuízos, no entanto, são inegáveis. Os urbanoides acharam a candidatura ideal, inclusive a mídia. Jornalistas "podicrê" amam Marina e o desconhecido Eduardo Campos pode aparecer como o novo, roubando este lugar de Aécio Neves, que entra defendendo o legado tucano, que já é por demais conhecido pelo eleitorado, nas suas virtudes e defeitos. Querem fazer uma aposta? A próxima pesquisa Datafolha será feita após quinta-feira, quando irá ao ar o programa eleitoral do PSB, onde Campos e Marina serão mostrados juntos durante 10 minutos. Haverá uma boa transferência de votos, que pode colocar o pernambucano empatado tecnicamente com o mineiro. Dilma perderá pouco, portanto esta estratégia só não é boa para Aécio.
 
Por fim, o PSDB que não se iluda, achando que o PT vai centrar seus ataques em Eduardo Campos e Marina Silva. Não vai. Vai querer enfraquecer o PSDB em setores onde ele é forte, como o Brasil Rural e os grandes centros de produção, além de centrar fogo contra os tucanos no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O inimigo a ser batido é o PSDB e não Eduardo Campos e Marina Silva que são crias de Lula, sempre abertos a um acordão, que o diga a acreana que mentiu para o Brasil o tempo todo a respeito de uma "nova política" e que, hoje, vendeu a Rede para o PSB.
 
A campanha de Aécio Neves vai ter que assumir que ele é a única mudança e a única força de oposição. A voz de ódio e rancor de Marina Silva também vai se voltar contra os tucanos, os inimigos a serem batidos no primeiro turno. Se Aécio conseguir encarnar este segmento oposicionista, mostrando que o resto é mais do mesmo, estará no segundo turno. É bom que os partidos que ainda estão pendendo entre um e outro lado, como o PPS e o PP, reconheçam os riscos de isolamento futuro.  
 
O Brasil, sem o PSDB forte, liderando o que resta de oposição e de defesa da livre inciativa, do direito de propriedade e do capitalismo, vai estar diante do pior dos mundos: um segundo turno entre o socialismo-ambientalista-fundamentalista evangélico de Campos e Marina e o chavismo petista.  
 
06 de outubro de 2013
in coroneLeaks

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